terça-feira, 10 de agosto de 2010

Conversa entre irmãos

-Você acha essa menina feia? Essa menina é linda! Quer ver uma coisa feia de fato? O que dá cruzar o cara mais galã do Brasil com a filha da gostosa mais cobiçada da bossa nova? (em anexo foto do baby...)
---------------------------
-Hahahah credo!
Pena que o mundo é cruel, essa menina tem grana e tenho certeza que ela vai ficar linda... só esperar alguns aninhos...
---------------------------
-Pode ser... mas esqueceram de usar photoshop no orangotango..... pô... nem custa tão caro assim arrancar uma fatia de crânio do meio desse nariz porco e juntar os zoínhos azuis!
---------------------------
-Hahahahahahhahahahahahahh!
You Win,
Não consigo nem comentar depois dessa!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Gosto de você porque não aparenta ser limitado...


Mas eu sou limitado.... se souber explorar... vai achar limites quadriláteros em mim..... diz o menino quadrado.

Quando a cobra usurpa do ganso


Sentia frio quando tudo acabou. Não estava mais nas garras do pânico ensandecido que a obrigou àqueles atos que de irracionais, agora pareciam torpes, frívolos: salvara-se mesmo, não tinha realmente alternativas? As mãos tremiam com o contato frio da lâmina de aço empunhada que agora sacudia-lhe feito vivo. Sua fronte, empapada de sangue e suor estava amortecida, dando mostras da dor que estava por ser desmascarada.
Silêncio, ele não mais de debatia, sem mais empasmos, apenas olhos sinistramente abertos, assim como sua boca; seus dedos retorcidos em quase rigidez cadavérica, ali, prostrado em toda sua sujeira: urina e sangue formavam uma poça feito chiqueiro; e ele, o porco.
Não mais poderia lha maltratar. Mas, afinal, maltratou-a? Não fora ela afinal quem convidou-lhe para um passeio em seu carro, dizendo que haveria uma festa lá perto do bosque? Que disse que não conhecia um homem há mais de dois anos e que estava sem roupas íntimas?
Mas ele merecia, de fato merecia. Com aqueles olhos maliciosos, procurando lascívia. Entrou com um sorriso malcriado, com aquelas roupas suadas do trabalho em seu carro, todo limpo e encerado! Que tipo de homem era esse? Não um que pudesse se aproveitar dela, sim, ela sabia se defender, o que de fato o fez. Não deu chance para o malandro... assim que tentou abraçá-la, beijar-lhe a face.... demostrou-lhe desapreço. Ojeriza. Ele tentou segurá-la pelo braço quando ela fugiu do veículo, e correu como louco em seu encalço. Sorria e dizia palavras inteligíveis, típicas de quem perde a cabeça pelo cio.

Abraçou-a contra uma árvore, levantando um pedaço de sua saia florida, beijando-a ofegante seu pescoço. Definitivamente não entendia as mulheres, achava mesmo que isso a estava excitando. Ora, qual foi seu erro, quando deixou que ela lhe abraçasse ao redor de seu pescoço. Sentiu, com todo o seu jeito vil e animalesco, uma ferroada nas costas. Tentou afastar-se dela, tomar um ar.... mas seus pulmões não mais se enchiam; ao contrário, parecia estar se afogando. Ela então segurou-o com o braço esquerdo, enquanto lha apunhalava as costas com força, urrando. Ele tentou afastá-la com uma cotovelada certeira em seu rosto... o que fez com que a derrubasse de joelhos, semi-consciente. Precisava de ar, quanta dor! A vista começou a ficar preta... o gosto de sangue na boca, o nariz escorrendo quente um líquido vermelho... pensou, alguém tem um lenço, merda, preciso assoar a porra do meu nariz! Agitava-se como um animal no abate. Toda a cena não durou mais que 15 minutos: urina e sangue formavam uma poça feito chiqueiro; e ele, o porco.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

La Planète Sauvage

Animação francesa de 1973, assusta a sensibilidade e criatividade em uma época em que peripécias computadorizadas 3D ainda não existiam (nem o Pong existia...): quadro-a-quadro bem desenhado, música bem encaixada marcante, história psicodélica e envolvente - apesar de flertar em concepção com Planet of the Apes - não deixa nada a desejar.
Se você gosta de desenhos cult como Yellow Submarine (1968) e Heavy Metal (1981), vai se amarrar nos 72 minutos dessa obra-prima.
Merci bien ao diretor René Laloux e muitíssimo mais merci ao desenhista surreal Roland Topor, que fizeram um ótimo trabalho nessa ficção científica.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Acha mesmo que não me compreende?

Não te compreendo e não minto compreender, tendo em vista que meus olhos só vêem o que eu aprendi a ver, nem os seus mais belos retratos vão traduzir a beleza dos rostos que só você viu para que meu senso de beleza os veja como tal.
Essa compreensão, a de que somos sós no mundo, e que nosso amor e apreços são só nossos, traz um pouquinho de melancolia pra mim, pois sei que nem mesmo os seres que habitam minha imaginação são capazes de sentir exatamente o que sinto.
Mas nós fingimos ser entendidos, pelo prazer desesperado de aceitarmos essa solidão eterna, que não vem com a morte, mas desde já com nosso nascimento.
Nascer é trazer à consciência um ser solitário até sua morte.
Se acreditar na continuidade da vida após seus ritos fúnebres, então essa solidão talvez se arraste por toda eternidade.
Seria um consolo iludir-se na união com algo maior, com a grande entidade superiora, a que legitimamente entenderia seus sentimentos e razões? Mas também, projetar-se no limbo, no vazio, no umbral do eterno descaso, sim, é sofrer por antecipação.
Sou feliz porque aprecio minha melancolia.
Sou feliz porque aceito a compreensão inventada, a quase compreensão, e a não compreensão (desde que lúcida);
Paz, branda e silenciosa.
Eterna branca pura.
M.

Curioso em percurso

Andei de casa ao metrô, vi pessoas apressadas em ir aos lugares e me perguntei, por quê?
Passei praças que habitualmente cruzo em meu caminho, vi suas árvores verdes e o brilho da grama jovem e dessa vez perguntei, por quê?
Chutei um tijolo que estava lá quietinho no canto da calçada, um sol esquentando na fresta das nuvens que enublavam o céu e sorri, perguntando por quê?
Por quê, o querer saber, sem razão, só pra conhecer a razão, a curiosidade sem motivo, só o amor pelo novo, o carinho pelos motivos do caos, é algo que esqueci há tempos.
Fiquei velho de preocupações, cheio de conceitos e opiniões formadas inerentes à correria de um mundo cheio de responsabilidades e vazio de emoções verdadeiras.
Mas, de repente, num impulso infantil surgiu assim na mente, esse "por quê"?
Lapsos da minha infância? Não sei. Mas estou curtindo muito esse momento! Nada me deixa tão eletrizado quanto a paixão pelas novidades.
Por quê o por quê? Porque sim salabim!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um dos grandes desastres da história

-Oi tudo bom menino bonito?
-Tudo bom gatinha!
-Você parece ser um cara simpático... vem sempre aqui?
-Sim, sou da região... nunca te vi por aqui...
-É que estou na casa de uma amiga, só de visita... estou tentando me enturmar!
Risos vergonhosos.... tímidos... ambos os rostos com a alegria do primeiro olhar da química do amor rolando no ar. Daí, corajosa, sabendo que o seu tempo havia acabado... afinal, suas amigas já estavam no carro, buzinando:
-Viu, docinho.... me passa o celular?
-Desculpe moça, mas não posso... até te passaria, mas o problema é que acabou a bateria....

Menina vai embora. Triste, um pouquinho desapontada.
Menino vai embora, segue 5 segundos de silêncio na sua mente
......... 1 ..... 2 ..... 3 .... 4 ..... 5,
- Ei, moça, volte.... agora eu entendi, espera! Como eu sou burro!
Sim. É um fato verídico. Daqueles que servem pra gente meditar sobre como age nosso cérebro em situações de amor. Ou talvez para nos lembrar de como existem reações que nos põe no hall dos idiotas para todo o sempre.

Mudando de estilo, com classe.

Às vezes é bom ser bípede... não viver na floresta... não ser feliz e livre como os animais, na estupidez perene de não ser responsável por seus atos.

Às vezes é legal não dar ouvidos, não ligar para os paradigmas lacerantes causados pelas palavras da boquinha pequena da plebe rude.


Um passeio no parque, assim, depois de entornar o caldo, sozinho, pode valer ouro para integrar nosso surrealismo colorido ao realismo acinzentado de vocês outros mortais.

Alguém entendeu?
Rsrsrrssr.
Saco. É engraçado escrever de fogo. Difícil é corrigir na ressaca!

domingo, 1 de agosto de 2010

Grande furada do mundo inteiro, e do universo também!!!

-Oi, tudo bem, o que você faz?
-Oi, eu sou quase uma psicóloga. Estou no terceiro ano e faço estágio.
-Ah, que legal, acho muito jóia psicologia. E você, o que você faz?
-Eu não faço nada!
-Como assim não faz nada, não estuda, mas trabalha?
-Não, eu não faço nada!
Fiquei nervoso, pensei... preciso manter a conversa fluindo, (fala alguma coisa, fala alguma coisa...!!!):
-Ah, mas vejo que você tem um piercing na língua; alguma coisa você deve fazer...

Sim. Baseado em fatos reais. É isso mesmo, elas foram embora 5 minutos depois, de taxi, e nem abriram a porta, pularam a janela.