quarta-feira, 18 de julho de 2012

Para dizer num momento feliz

Ah, que louquinha!
Qualquer dia um anjo vem e belisca sua testa!

Professora

Quantos pequenos acham que merecem você.
Mas você não merece os pequenos, porque sabe que suas responsabilidades são maiores, pra não dizer piores.
Cuidado meu bem, senão os pequenos engolem você...

Confusão arquitetada

   Estou abismado com as possibilidades, a vida é tão curiosa quanto improvável!
   As vezes ando em círculos, vez por outras me esforço pra me perder, só pra conhecer novos caminhos, com luzes novas e brilhos intensos.
   Hoje vejo que a diferença é o prêmio sutil daquele que tem olhos treinados e acuidade para percebê-lo, porque não basta querer ver as coisas com outros olhos, também têm que querer enxergar!
   Calendoscópios, mosaicos e labirintos, que venham todos em sonhos pra mim hoje, que essa noite quero vislumbrar minha paixão sempre inconformada pela diferença! Ah, como é bom ter a liberdade, o frio arrepiante da brisa sobre os cabelos soltos, sentir seu cheiro de perigo, sua ilusão traiçoeira! Hoje quero amá-la, solitário, que pouco se sabe sobre a paz interior que não habite a mais profunda relação unitária entre os céus e o homem em seu pretenso singular. Vamos vento, me carregue, estou pronto pra sentir paixão!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Meu cantinho especial, em Montevidéu.


   Uma lembrança, por nefasta que se nossa memória, vez por outra fustiga nossa alma para que lembremos nosso verdadeiro trilhar por esse mundo. Poucas dessas memórias tenho em mim com tanta intensidade como a que me trás esse lugar. 
   Trata-se da sala de um albergue, mas muito mais importante que isso, são as impressão de velho casarão que nunca o abandonam, ao contrário, pululam em todo lugar como risos abafados de crianças e lampejo de família tradicional. Mas estranho, tudo soa fantasmagórico, atemporal por lá, ouso dizer que tudo é meio que abençoado por uma intensa melancolia. 
   Cada um nota o que quer, e eu notei o que importava pra minha vida que era meu sonho de infância, o almejo por escrever. 
   Hoje um enfeite, ou peso de porta, antes aquela antiga máquina de escrever foi algo que minha imaginação alçou como uma ferramenta de um jornalista, um escrivão de polícia, ou talvez de um grande escritor de romances uruguaios.
   E o cheiro, o cheiro daquele lugar! O clima perfeito, nem frio nem quente, mas fresco o suficiente para observar, por sobre as grandes janelas dessa sala, o passar de transeuntes despreocupados pelo bairro intelectual convidando o observador a esmiuçá-los, analisá-los, transformá-los em personagens de grandes intrigas ou simples poesia.
   É nesse lugar que decidi, em âmago e alma, escrever o que penso, o que imagino, o que crio só pra mim, e doar para o mundo. Parir esses filhos de sonhos e ser feliz por participar de alguma forma, com algo que é meu para outros que queiram comigo viajar. 
Quem tem um lugar,
mesmo que no coração, tem o mundo.

Quem tem um amor,
mesmo que distante,
é feliz.

Quanto tempo ainda posso sofrer,
mesmo sabendo que um dia ainda possa de ver?

Quanto tempo ainda posso viver,
mesmo sabendo que um dia possa te ter?

Sozinho, aqui, penso em ti.

F.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Dias Herméticos

   Quarta-feira fiz uma deliciosa torta que ninguém irá comer. Quinta-feira sem motivo aparente desci 2 estações de metrô depois da minha habitual, só para voltar a pé, e no caminho vi um mercado, entrei e comprei uma pimenteira e um pacote de chá de boldo. E quanto a sexta? 13. Só Deus sabe como será o fim de semana, mas pra mim não interessa.
   Por quê não interessa? Simples. Porque cansei de me interessar pelas coisas, pelos tempos, pelas pessoas, pelos planos, pela vida. Não estou deprimido, triste ou descabido, e pelo contrário do que pareça, continuo sendo um inconformado. A questão é que chega um momento que acredito que todo ser humano com um mínimo de ócio* passa em que percebemos que tudo o que fazemos é um tremendo clichê, um imenso lick de guitarra mundano**, e que não importa quão rápido e longínquo fujamos da maré, sempre seremos pegos por ela. Ou seja, não conseguimos ser originais, únicos, ou qualquer outro lero-lero. Sempre acabamos parte do ciclo vicioso, como diria Belchior, como nossos pais.
Por quê fiz uma torta pra ninguém comer? Por que chutei um copo de leite de quase um litro no tapete só pra limpar depois, por quê desci do metrô pra comprar uma pimenteira que não preciso? Pra ser excêntrico? Talvez. Mas isso não me faz nem um pouco diferente do grupo de habituais paranóicos-maníacos-deturpados-paulistanos do qual infelizmente fujo, mas que vejo agora, faço parte.
   Quero correr, fugir do meu emprego, da minha cidade, dos meus amigos, da minha vida, por um pouquinho só, apenas o suficiente para olhar de fora o sistema o qual faço parte, e ver se realmente sinto falta de algo. Porque dinheiro ou bem material nenhum no mundo me agraciam com a tentação pela longevidade. Quero explodir, quero derreter, quero ser nada, porque a vida inteira eu sofri almejando ser tudo! Ser bombeiro, engenheiro, padeiro, líder intelectual, ser gostoso, ser lindão, ser famoso, ser o maior amigo dos amigos do mundo! Agora quero Isso, esse Isso único, o ser Nada. Nem que seja só por hum ano, 10 dias ou dois segundos. Tenho certeza que só chegando Nisso é que poderei um dia saber se realmente quero alguma coisa. Talvez ser um clichê, por exemplo. Mas um clichê realizado.


*quem não pára(SIC) pra pensar não sofre, mesmo porque não pensa. 
**homenagem ao dia mundial do Rock. Que dia bobo. Prefiro o dia municipal do Forró.