terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Star Wars no Original. Porque assistir?


Trecho retirado do site Gizmodo:

O primeiro filme da trilogia clássica de Star Wars estreou em 1977, mas, quase 40 anos depois da sua estreia, não é muito fácil conseguir assistir à versão exibida nos cinemas. Isso porque, com o passar do tempo, George Lucas foi alterando não apenas o Episódio IV – A Nova Esperança no futuro, quanto também modificou algumas coisas nos episódios V e VI.
O problema é que nem sempre essas mudanças foram positivas. E isso deixou fãs bastante irritados. Eles querem assistir à trilogia clássica da forma como ela foi concebida originalmente, não com retoques de efeitos especiais feitos décadas depois da estreia, ou com Greedo atirando primeiro. E, como fãs unidos costumam ser fortes, eles conseguiram “recuperar” a versão clássica dos filmes. Eis como você pode fazer para assistir.
O usuário Harmy do fórum originaltrilogy.com é um dos que tentou recriar a trilogia clássica no que ele chama de Despecialized Edition (quando os filmes foram relançados em 1997, George Lucas adicionou um “Special Edition” a eles. A ideia desses fãs é de “desespecializar” os filmes). Os fãs restauraram os filmes da maneira como foram exibidos no cinema a partir de colagem de cenas presentes em outras versões, incluindo uma lançada em 2008 em baixa resolução que preservava os filmes originais.

O que eu acho:

Star Wars é uma saga muito importante para quem gosta de filmes, seja porque gosta de entretenimento ou porque estuda cinema. 
Digamos que Star Wars é um ícone dos filmes Hollywoodianos, com roteiro cativante e universo ficcional muito rico, apesar dos personagens serem pouco profundos. 

Por que foram feitas mudanças? 
Porque a primeira trilogia foi feita vinte anos antes, e os três capítulos da prequela não existiam, ou eram só rascunhos. Essas pequenas modificações foram feitas para dar coesão. Também foram postos excertos em CGI (3d computadorizado) porque em 1997 era sensação. 

Essas modificações foram ruins? 
Não, pelo contrário, foram boas e assistidas pelo próprio criador da série, George Lucas, o que não a descaracterizou. 

Então porque assistir à versão original, sem ajustes ou CGI? 
Porque o estudioso de cinema, assim como o fã de carteirinha querem conhecer a concepção original, para efeito de estudos, pela nostalgia, porque é legal. 
É como se fosse uma espécie de arqueologia cinematográfica. 


O que o Harmy fez é legal? Cara, é surpreendente! Ele, como um arqueólogo que monta cacos de cerâmica para recontar a história do Egito antigo, montou a Despecialized Edition para conhecermos o Star Wars como era na origem. 

"AH, mas eu achei que ele perdeu tempo :("
Ok meu amigo, vai dar feliz aniversário no face pros seus amigos, porque você é um cara que não perde tempo pra nada nesse mundo, inclusive veio comentar nesse forum porque é super ocupado. O Harmy é um editor de mão cheia e usou o tempo dele para seu hobby, e auxiliou muitas pessoas que gostam de cinema clássico. 
Quem não curtiu, vai assistir outra coisa, só não critique o trabalho do camarada. Se curtiu, vai lá na página do cara e dá os parabéns. Não sou fã da saga Star Wars, mas gosto de cinema, e procurei a versão original para conhecer as motivações originais do George Lucas. Agradeço pelo post do GizModo. Ajudou muito! 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Patos de pelúcia


Eu não tenho bicho de estimação. Gosto deles soltos, livres. Mas se morasse em um lugar paradisíaco, gostaria de que fosse próximo a um lago de ornitorrincos.

Meu celular tá dando pau, pica-pau.

Como é difícil lidar com os problemas de tecnologia.
Não falo sobre o seu não entendimento, mas sobre a obsolescência programada.
Você hoje compra um computador, um tablet, um celular, e pensa, uau, eu gastei um rio de dinheiro, mas vale a pena, vou poder fazer um monte de coisas com essa tecnologia nova. Você tira da caixa, tudo cheira a novo e tem visual bacana, você põe na tomada e mal consegue esperar as 4 horas para carregar a bateria.
Então liga a tela, aquelas cores vibrantes, tudo com efeitos visuais lindos, transparências, botões novos que não vê a hora de aprender a dominar! Daí fica pensando, o que eu posso fazer com esse trequinho, que seja bom pra mim, que seja produtivo?
Uma dica, não importa o que você queira fazer, apenas faça, e faça o mais rápido possível.
Porque esses brinquedinhos da modernidade têm um relojinho dentro deles, uma coisinha que trabalha como uma pequena bomba-relógio, tic-tac, tic-tac, tic-tac!
Tudo funciona às mil maravilhas, você tem orgulho e deixa seus amigos e as pessoas do metrô com inveja.
O mundo está perfeito pra você, e você se sente contente com sua mais nova aquisição. Então, você se ilude, e comete seu primeiro erro, achar que aquele aparelho é muito bom e que você vai ficar com ele por muito tempo, porque, tal qual o relógio do seu avô que você herdou, ele é de primeiríssima qualidade e vai durar horrores! Ingênua criatura!
Então está lá você, baixando vídeos do youtube, lendo documentos online, mandando feliz aniversário pelo facebook...
Mas está lá o reloginho dentro, tic-tac, tic-tac, marcando o seu tempo.
E, num belo dia, quando você menos espera e geralmente mais precisa, então esse pequeno relogio embutido dá o seu tempo pré-programado, e seu despertadorzinho explode malvadezas, feito uma pequena bomba da infelicidade.
Então as coisas param de funcionar.
Não de uma vez, claro, porque tudo foi arquitetado de uma forma maquiavélica para levá-lo a loucura.
Primeiro, você tenta mandar uma mensagem em seu Whatsapp e aparentemente seus dedos ficam mais rápidos que seu texto... você escreve, escreve e as coisas só aparecem escritas cerca de dois segundos depois. Você acha que é um probleminha pontual e vai fazer outra coisa.
Logo após, tenta abrir seu browser, e ele demora para inicializar, e quando entra, sem nenhuma explicação, aparece uma mensagem, esse aplicativo parou de funcionar e a janela fecha repentinamente.
Então, meu amigo, se prepara, porque o esse é o início de uma longa e tortuosa viagem rumo a queda sem fim em espiral rumo a frustração e impotência.
Emails que você acha que enviou não foram enviados, ou pior, foram para pessoas erradas, seus contatos somem, a bateria começa a durar menos que o comum, geralmente acabando antes, bem na hora que precisa receber uma ligação importante do seu trabalho.
Você começa a ficar irritado, tudo na sua vida parece sair do controle, afinal, você é uma pessoa do seu tempo, o que quer dizer que tudo seu se encontra de alguma forma na nuvem. Contatos, emails, sms, Twiter, Linkedn...
Então você apela para dicas de internet, apps que prometem deixar seu gadget mais rápido, dá o aparelho na mão daquele seu amigo guro de informática, leva pra técnico formatar.. e nada, parece na realidade que as coisas só vão de mal a pior.
Até que o que você começa a escutar conselhos que arrepiam até os pelos da nuca dos mais ousados... "você deveria comprar um aparelho novo!".
Como assim? Acabei de comprar essa porcaria, mal tirei ele da caixa, não aprendi nem a mexer totalmente direito as suas funcionalidades, e o pior... nem terminei de pagar as prestações!
Você luta, tenta se acostumar com toda aquela lentidão e travamento, diz que é normal, que faz parte da vida, não olha para o lado quando seu colega de trabalho conta vantagem sobre o modelo novo que acabou de comprar.
Na realidade odeia ele a cada dia mais, e pensa nele como um metido arrogante que só quer contar vantagem.
O tempo passa, as coisas andam, e você precisa trabalhar, ou quando muito, viver sua vida. E como já dissemos anteriormente, isso implica em usar a tecnologia do qual você necessita plenamento. Ou, trocando em miúdos, é completo refém!
Mas como vítimas da síndrome de Estocolmo, no qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador devido a todo aquele stresse emocional, você repete, quase que como um mantra, não vou voltar para trás, não vou voltar para as cavernas, meu lugar é aqui, no presente, e não nos anos 80 com agendinhas de bolso, cadernetas e fichas para orelhão!
E num péssimo dia, vindo como notícia de acompanhantes de paciente de UTI, você se pega com seu querido aparelhinho falido, desconectado, offline, ou qualquer outra desgraça que o valha.
Não importa quanto tempo dura esse ciclo todo, desde a compra do gadget, seus pequenos defeitos, grandes defeitos, até a sua completa e inequívoca falência, você sempre vai ter a impressão de que ele é a cada modelo comprado mais curto, mais dispendioso, mais claustrofobicamente incômodo.
Parabéns, meu amigo, você foi mais uma vítima da obsolescência programada.
Vão tentar te convencer que você instala porcarias demais, vão tentar culpar a humidade do clima brasileiro, vão até falar, "ah, mas o do Joãozinho ainda está inteiro, e ele comprou antes de você!".
Acredite, eles arrumam um jeito de estragar o seu aparelho. O que os fabricantes de plástico não conseguiram fazer ainda, a indústria eletrônica faz há décadas, com primazia, que é transformar o produtos deles em degradável.
E pode fazer o teste, se quiser. Tire seu aparelho na caixa, ligue-o e o introduza na rede. Então guarde ele de novo na caixa, espere uns seis meses, então abra-o, ligue-o novamente e o reconecte na internet. Voilà, você acaba de ter um aparelho deteriorado de forma relâmpago, com todos os sintomas de um bem usado, travando e dando pau em tudo, sem nem mesmo tê-lo usado!
Mas não se preocupe, para tudo há esperança. Nas lojas, agora mesmo, acabaram de lançar um modelo novo, que funciona melhor, que tem novas funcionalidades, que vai te promover a mais rica experiência em informação e entretenimento.
Prepare seu bolso, e boas compras!
Vamos consumir.
Fazer a economia girar.
Obsolescência programada.
Tomá no cu.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Como amar em tempo de chuva




É tempo de chuva nas ruas molhadas, escuras, mesmo estando tudo sendo observado pelo sol da tarde que de longe tudo vigia.

Estava eu na cama, ou no sofá, não posso detalhar com toda aquela letargia; o fato é que não tinha eu dado passo definitivo para tomar ação alguma naquele domingo ainda sem o café matinal.

Levanto nu em pelo e passeio pressentindo o misterioso e sigo por ignotos caminhos e por corredores que não me são de todo conhecidos até o que julgo ser meu objetivo final, a mulher senhora deste apartamento que maternalmente vai garantir minha alimentação.

Sigo o faro do vapor do arroz, aroma do alho refogado e dos bifes estalando em dois dedos de azeite e após esquerdas e direitas em móveis escuros e antiquados, paro um minuto em uma mesa de escritório que encontrei logo ali para ler um manuscrito posto ao lado da sua pena criadora.

É um poema de amor, e é uma mulher livre quem escreve suas linhas, dizendo como é feliz nas entranhas por ter todo dia dentro de si a expectativa de poder amar um novo alguém.

Sorrio e aperto o papel entre os dedos, sentindo a carícia sutil de um negro animal de pelos duros e quentes sobre minhas canelas.

Olho pra baixo e sorrio ao reconhecer o gato magro que ontem vi de relance, poucos minutos depois de adentrar nessa alcova cálida pela primeira vez.

Deixo o papel na mesa, pego o felino no colo e com meus dedos enfurnando em seu morno ronronar, ando alguns passos silente, cruzando roupas esticadas em um varal cheirando a amaciante e anil.

Gosto da tessitura gélida dos tecidos umedecidos sobre meus rosto enquanto avanço, e fecho os olhos caminhando para que a suavidade penetre em todo seu flavor o meu sentir.

Cruzo a última das peças daquele fresco obstáculo e então o brilho que entra nos meus olhos por entre as pálpebras desenha a silhueta daquela que chamo de meu amor.

Linda, branca e esbelta, manipula utensílios e colheres com seu queixo apontando as panelas de forma delicada, quase uma pintura da própria Vênus em nascimento dentre as brumas do mar sem fim.

Distraída entre seus temperos e mexidas e salteios de objetos, levanta as sobrancelhas num belo sorriso de lábios fechados e me observa de canto de olhos, tão linda e bem desenhada que não tenho dúvidas de que as mulheres são feitas quase sempre das pétalas de uma flor já há muito extinta de triste cor.

Então deixo o gato descer do colo, e inclinado pelo trato do bicho aproveito o movimento amplo e subo as mãos em suas belas pernas macias, que não apresentam resistência aos meus afagos, senão incrivelmente apenas por um grande camisetão com fragrância de um antigo sono bom.

Subo suas coxas, descobrindo seu quadril em curva perfeita, e num passo preciso de tango encaixo-me entre suas escápulas abraçando-a vigorosamente com meus pulsos postos em cruz.

Meu nariz fica em seus cabelos, sedosos, devo logo dizê-lo, e quando inspiro sinto morango, framboesa e frutas frescas em um bosque de chuveiro quente de algum tempo antes do meu acordar.

Balbucio coisas bobas, talvez um elogio sobre seus cílios ou a maciez dos seus joelhos.

Ela sorri e diz que o almoço já vem, e que se eu for paciente e cooperativo, talvez ganhe uma sobremesa mais que recompensadora para os lábios mais exigentes.


Faço cara de interrogação, e ela prontamente pega minha mão, e levantando sua camiseta, posiciona-a bem apertada contra sua virilha, lisa, quase tão lisa quanto macio pode ser um chiclete de bola Babaloo.

Então, sussura esfregando seu pescoço em minha barba por fazer... "estou quase pronta, tão pronta, que não sei se vai dar tempo de te servir"... meu membro fica excitado quando percebo o lubrificar efusivo e repentino na minha mão aprisionada, que mal tenho tempo de desligar as panelas enquanto ela se entorce no seu eixo para me encher de beijos, língua e gemidos que nunca dantes navegante havia ouvido de boca feminina alguma.

Revidei com um pegar no colo ajeitado, e fazendo caminho diferente por outros amplos corredores, fiz ela de projétil em um velho sofá de couro que testemunhava meu aleatório cambalear.

Ela me recebeu com membros ágeis, e com atos e gestos certeiros e apaixonantes chegamos finalmente no nosso inevitável êxtase carnal.

Estremecimentos, empasmos, fluídos e um relaxar calmante de músculos culminou no depósito dos nossos corpos suados paralelos no sofá largo, escuro, experiente em assentar pessoas mas definitivamente ingênuo daquela insólita demonstração de paixão entre dois corpos movendo-se na horizontal.

Ficamos parados, suspensos, respiração ofegantes, até o silêncio total.

Quebrou ela o silêncio com uma gargalhada profusa, que acabou sendo acampanhada pela minha, mais porque fui contagiado pela sua alegria que pelos seus motivos reais.

Então ela disse algo sobre seu filé, amaciado em uma receita secreta de família ter virado agora uma sola de sapato, e que o melhor que podíamos fazer seria transformá-lo em pedaços e fazer dele um mediano canapé.

Sola de sapato vira canapé... repetia entrecortada em engasgos do seu riso efusivo, até que sem ar parou com olhos fechados e grande boca perfeita em posição de dormir.

Mas era só fingimento, e do nada se  vira criança para mim e pergunta infantil, que faremos da tarde daquele manhoso domingo?

Penso no mar, no mundo, nas nuvens de um céu de chuva que aceitam alegres pássaros cheios de ousadia e primavera e então minha mente vai para o cosmos, o universo, para só então voltar ao lado dela no sofá.

Ela pergunta curiosa e careteira: que está pensando, criatura?

E eu contente, aliviado com a existência da vida e do que ela proporciona, digo pausado, calmo, mas definitivo: "A tarde já está sendo feita, querida. Aqui e agora, em nós."