Uma lembrança, por nefasta que se nossa memória, vez por outra fustiga nossa alma para que lembremos nosso verdadeiro trilhar por esse mundo. Poucas dessas memórias tenho em mim com tanta intensidade como a que me trás esse lugar.
Trata-se da sala de um albergue, mas muito mais importante que isso, são as impressão de velho casarão que nunca o abandonam, ao contrário, pululam em todo lugar como risos abafados de crianças e lampejo de família tradicional. Mas estranho, tudo soa fantasmagórico, atemporal por lá, ouso dizer que tudo é meio que abençoado por uma intensa melancolia.
Cada um nota o que quer, e eu notei o que importava pra minha vida que era meu sonho de infância, o almejo por escrever.
Hoje um enfeite, ou peso de porta, antes aquela antiga máquina de escrever foi algo que minha imaginação alçou como uma ferramenta de um jornalista, um escrivão de polícia, ou talvez de um grande escritor de romances uruguaios.
E o cheiro, o cheiro daquele lugar! O clima perfeito, nem frio nem quente, mas fresco o suficiente para observar, por sobre as grandes janelas dessa sala, o passar de transeuntes despreocupados pelo bairro intelectual convidando o observador a esmiuçá-los, analisá-los, transformá-los em personagens de grandes intrigas ou simples poesia.
É nesse lugar que decidi, em âmago e alma, escrever o que penso, o que imagino, o que crio só pra mim, e doar para o mundo. Parir esses filhos de sonhos e ser feliz por participar de alguma forma, com algo que é meu para outros que queiram comigo viajar.
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