terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Meus atos nos dias de vento

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Um dia por semana dos meses de vento viril, macho, dedico-me à fertilizar a terra. Dos sonhos, do sono, do reino, dos mil encantos, da vida paralela em baixo da minha real-bela que está pronta e no cio, e que chora em busca do geminador. Da semente, da fécula, do estigma, da fagulha transcedental, do sopro divino, do divino choro gerador, da divina comédia trágica do inferno na terra, quente do atrito do sexo em que a fecunda.

Em um dia aleatório dos meses atrofiados de um ano doente, eu choro a morte dos meus ancestrais, apodreço meus sonhos, tusso a tosse tísica dos fracassados, e encaro de frente minhas costas num espelho que só isso sabe, pra lembrar pros outros dias da minha vida que tristeza é longa e não passa, e só um demente entra em seus trilhos de trem ausente pra enfrentá-la.

Uma semana de chuva nos dias de bissexto casual subo na montanha mais alta e bato em meu peito pra liberar grito forte, animal, demarcando territórios que ninguém dos mil horizontes ainda conhece, e de mil lugarejos próximos que alguém desconhece. Sou dono de tudo e de quaisquer que vivam aqui e lá, e se peço algo, num retumbar da minha força, sou logo atendido pelo meu esplendor. Nessa montanha, sou santo, sou deus, sou chuva e sol para os povos da gaia.

Se respondo esse e-mail em uma terça-leitosa, que seja dia de feira ou de semana, é para lembrar que minha presença proclama, exclama, reclama, e se faz sentir freqüente por tudo o que penso e sou. Sua solidão é atroz pra um alguém que sempre andou solitário por esse mundo, sua compaixão é ineficaz para quem sempre foi poço de compaixão. Se tenho mais que mil e duzentos amigos no mundo, tenho mais que mil e duzentos nenhuns sofrendo por mim e por causa de mim, para e pelo meu bel prazer de não poder agradar a tudo.

Minha presença assim é real. Imperiosa e viva, nas suas mente e alma(SIC).

Assim afirmo.
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