sexta-feira, 31 de julho de 2015

Enfrentando problemas

Mudar a realidade não é fácil, mas no mínimo tentador. Levando idéias aos órgãos competentes, correndo atrás dos nossos direitos como cidadãos, denunciando as coisas erradas que vemos por aí já é um começo. É claro que sermos apenas meros espectadores das mudanças é menos propenso a novos problemas, mas se pessoas antes da gente tivessem aceitado o desafio de resolver esses em epocas remotas quando ainda eram pequenos, hoje eles não existiriam. E se deixarmos passar nossa oportunidade de ajudar agora.... maiores serão para nossos filhos, e colossais para os nossos netos!

Imposto zero ajuda? Claro!

Qualquer projeto que vise a isenção de tributos para itens essenciais merece no mínimo especial consideração. Além de prover acesso a recursos que deveriam ser acessíveis por todos os cidadãos, é possivel dessa forma mitigar o custo das cadeias produtivas, elevando em longo prazo os recursos para o estado, indústria e população em geral. Sistemas menos custosos tendem a ser sustentáveis, e evitam aportes externos de recurso. Essa forma de pensamento evita ciclos viciosos de manutenção e distribuição de dinheiro vital para outras áreas que poderiam ser incentivadas até tornarem-se elas mesmas sustentáveis no futuro. Além do exemplo do transporte público gratuito, sugiro o da redução expressiva de impostos sobre materiais esportivos. A princípio, o estado iria perder arrecadação, mas a longo prazo o nosso sistema de saúde seria menos dispendioso, seja pela prática regular de atividades físicas que reduz o índice de doenças cárdiovasculares e decorrentes de stress, seja porque incitaríamos uma série de empregos indiretos em um setor que a mão de obra tende a ser oferecida por pequenas e médias empresas, essas geradoras eficientes de grande cadeia indireta empregatícia.

Bolsa sociais são um atraso para o país?

    Uma vez, li num livro barroco de autoria anônima que as mesmas flores que dão nectar para as abelhas produzirem delicioso mel, servem para as criaturas peçonhentas como insumo para a manufatura de poderoso veneno.
    Ou seja, os recursos podem ser manipulados pelas pessoas da forma que acomodem seus interesses, independente da roupagem que seus ideais sejam apresentados.
    O imposto é o recurso que o Estado arrecada dos seus cidadãos para se fazer cumprir as ações inerentes à sua função. Com esse recurso é possível acabar com a miséria e pobreza, desenvolver regiões menos favorecidas e assim conseguir um benefício maior para toda a população. É bom ser abastado e é difícil repartir recursos limitados para pessoas e áreas carentes que aparentemente não têm ligação com nossos familiares ou semelhantes próximos. Mas é através do sucesso pleno de toda a nação que poderemos elevar os nossos próprios ganhos, garantindo formas para que possamos nos elevar individualmente a novos patamares de qualidade de vida.

    Se refletirmos, veremos que é assim que funciona o Estado brasileiro trabalha na promoção na redução das desigualdades, e que atacar as formar e os recursos utilizados para se realizar um bem é no mínimo ingênuo, se desconsiderarmos as reais intenções por trás das intenções.
     Como exemplo, podemos citar a bolsa família, que ajuda uma parcela carente da população através de determinada parcela de nossos impostos. Alguns críticos dizem que o dinheiro empenhado nessa tarefa é desperdiçado, porque tem finalidade eleitoreira. Outros podem dizer que esses recursos não voltam como giro de capital, e por isso não se sustenta a longo prazo. Mas é fato que se essa política de redistribuição de renda for bem aplicada, tiraríamos pessoas que nesse momento não produzem para um lugar ao sol junto ao mercado de consumo, o que aumentaria a riqueza do país como um todo, favorecendo nosso comércio, indústria e consequentemente geraríamos empregos de qualidade com maiores remunerações.
       Agora, a forma como isso é feito pode e deve ser analisado criteriosamente. É dever dos cidadãos fiscalizar e emitir opiniões construitivas, buscando que do mel dos recursos produza-se o mel do bem estar social. Porque o perigo do veneno da corrupção e dilapidação das divisas existirão sempre, nesse programa ou em qualquer outro apresentado por qualquer partido que venha a liderar nosso país através das eleições.

A responsabilidade da cidadania

Ser inconformado é não aceitar a ordem das coisas, tal qual nos é apresentada. Mas a grande questão, ao que me parece, é como podemos nos utilizar da força do inconformismo, vital para a evolução da vida, de forma que possamos atingir algum progresso. Ou seja, não gastarmos a força de ação do nosso inconformismo apenas com gestos inócuos de indignação ao sistema ou culpando ao próximo por coisas que nós mesmos poderíamos resolver no dia-a-dia?
A população brasileira não é acomodada, como dizem, no ponto de vista do seu potencial de se inconformar. O problema é que ela não tem tradição de buscar por ações que solucionem seus problemas diários. Talvez por uma questão histórica paternalista desde os tempos do império, gostamos de transferir a responsabilidade das nossas mazelas aos nossos líderes, esquecendo que a cidadania provem de cada um de nós.
O conhecimento do Estado é sim muito importante, mas ainda mais importante é conhecermos nosso papel como protagonistas no sistema político-social em que vivemos. O dever de que as coisas funcionem não é de uma determinada parcela da população privilegioada ou detentora dos poderes atribuídos ao Estado, mas de todos que integram essa entidade e exercem suas escolhas através do voto consciente.
O dia em que cada brasileiro chamar para si a função de ajudar sua comunidade local, desde a reciclagem de lixo à prudência em economizar recursos e zelar pelos bens públicos, nossa inconformação será plenamente saudável a ponto de gerar energia para o progresso da nossa nação, mantendo a devida ordem para a busca da nossa felicidade em meio à essa grande aldeia global chamada planeta Terra.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sobre a educação

 Montaigne: mais vale uma cabeça bem-feita que bem cheia

Estratégias de Manipulação das Mídias

 citações do livro 'Armas silenciosas para guerras tranquilas':



A estratégia da distração
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.


A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores 
Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

O que se deve ensinar para as crianças do século 21

O filósofo francês Edgar Morin, pensador da cultura no século XX, recebeu da UNESCO a incumbência de sistematizar reflexões que servissem como ponto inicial para se repensar a educação do século XXI e os concentrou em sete eixos imprescindíveis. Ele aborda temas fundamentais, por vezes ignorados nos debates sobre a política educacional. Focando os desafios e incertezas dos tempos atuais, suscita uma revisão de práticas pedagógicas.


1-Combater as cegueiras do conhecimento
A educação é tendenciosa aos pontos de vista daqueles que ensinam. Quando aprendemos, sofremos da ilusão de que o conhecimento empilhado em uma grade curricular seja de uma verdade incontestável, o que nos leva a não discutir outras possibilidades e linhas de pensamento, ou se chegamos a tanto, podemos adquirir vícios e preconceitos a longo prazo. É tarefa do educador alertar sobre essa problemática, tentando amenizar o impacto de um eventual engessamento na linha de raciocínio apresentada, buscando fazer com que o estudante tente pensar "fora da caixa".

2-Conhecimento pertinente
O educador deve ensinar o conhecimento de forma fragmentada e específica, mas também como agregá-lo no sistema total, ou seja, integrar as informações no contexto holístico. De outra forma, o aluno corre o risco de desprezar a utilidade do conteúdo apreendido em outras esferas de experiência ao longo da sua vida, por não perceber as relações multidisciplinares entre elas.


3-A condição Humana
O aluno deve aprender a se conhecer como ser humano complexo, nos contextos físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico. As disciplinas, divididas por assuntos específicos para facilitar a didática, devem ser vistas como ferramentas auxiliares para a compreensão do homem como ser singular e como membro de uma coletividade de indivíduos. O estudo da condição humana é essencial para que o aluno não esqueça da finalidade maior de toda sua aprendizagem e acúmulo de conhecimento ao longo de sua vida.


4-A identidade terrena
É imprescindível que o aluno compreenda que a globalização, evidenciada após as grandes navegações do século XVI, deixou claro que o destino de todos os seres humanos, assim como de toda as espécies da natureza, é integrado. Somos interdependentes e necessariamente solidários. Os regionalismos e segmentações étnico-culturais não devem ser postos em plano prioritário frente a busca das soluções para os problemas globais que afetam indistintamente a todos.

5-Enfrentar as incertezas
O aluno deve ser orientado a estudar o ambiente como continente de infinitas variáveis atuantes em sua modificação. Dessa forma, a imprevisibilidade dos acontecimentos não podem ser vista como indicador de má conduta nas observações da nossa ciência. A incerteza e a inconstância podem ser mitigados até certa forma, mas toleradas baseado no princípio de que é assim que funciona o universo.

6-A compreensão
O ruído da compreensão deve ser constantemente observada durante a aprendizagem. A ignorância dos ritos e costumes componentes de outras identidades culturais não podem ser transformada em barreira para o conhecimento. Humildade e tolerância são primordiais para a quebra desses paradigmas.

7-A ética do gênero humano
O estudante deve ter consciência de sua terra-pátria, mas também aprender a pensar como um cidadão terreno, integrando sua identidade cultural com os demais povos, de forma que seja buscado uma relação de controle mútuo entre a sociedade e os indivíduos pela democracia e conceber a humanidade como comunidade planetária.