segunda-feira, 20 de julho de 2015

O que se deve ensinar para as crianças do século 21

O filósofo francês Edgar Morin, pensador da cultura no século XX, recebeu da UNESCO a incumbência de sistematizar reflexões que servissem como ponto inicial para se repensar a educação do século XXI e os concentrou em sete eixos imprescindíveis. Ele aborda temas fundamentais, por vezes ignorados nos debates sobre a política educacional. Focando os desafios e incertezas dos tempos atuais, suscita uma revisão de práticas pedagógicas.


1-Combater as cegueiras do conhecimento
A educação é tendenciosa aos pontos de vista daqueles que ensinam. Quando aprendemos, sofremos da ilusão de que o conhecimento empilhado em uma grade curricular seja de uma verdade incontestável, o que nos leva a não discutir outras possibilidades e linhas de pensamento, ou se chegamos a tanto, podemos adquirir vícios e preconceitos a longo prazo. É tarefa do educador alertar sobre essa problemática, tentando amenizar o impacto de um eventual engessamento na linha de raciocínio apresentada, buscando fazer com que o estudante tente pensar "fora da caixa".

2-Conhecimento pertinente
O educador deve ensinar o conhecimento de forma fragmentada e específica, mas também como agregá-lo no sistema total, ou seja, integrar as informações no contexto holístico. De outra forma, o aluno corre o risco de desprezar a utilidade do conteúdo apreendido em outras esferas de experiência ao longo da sua vida, por não perceber as relações multidisciplinares entre elas.


3-A condição Humana
O aluno deve aprender a se conhecer como ser humano complexo, nos contextos físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico. As disciplinas, divididas por assuntos específicos para facilitar a didática, devem ser vistas como ferramentas auxiliares para a compreensão do homem como ser singular e como membro de uma coletividade de indivíduos. O estudo da condição humana é essencial para que o aluno não esqueça da finalidade maior de toda sua aprendizagem e acúmulo de conhecimento ao longo de sua vida.


4-A identidade terrena
É imprescindível que o aluno compreenda que a globalização, evidenciada após as grandes navegações do século XVI, deixou claro que o destino de todos os seres humanos, assim como de toda as espécies da natureza, é integrado. Somos interdependentes e necessariamente solidários. Os regionalismos e segmentações étnico-culturais não devem ser postos em plano prioritário frente a busca das soluções para os problemas globais que afetam indistintamente a todos.

5-Enfrentar as incertezas
O aluno deve ser orientado a estudar o ambiente como continente de infinitas variáveis atuantes em sua modificação. Dessa forma, a imprevisibilidade dos acontecimentos não podem ser vista como indicador de má conduta nas observações da nossa ciência. A incerteza e a inconstância podem ser mitigados até certa forma, mas toleradas baseado no princípio de que é assim que funciona o universo.

6-A compreensão
O ruído da compreensão deve ser constantemente observada durante a aprendizagem. A ignorância dos ritos e costumes componentes de outras identidades culturais não podem ser transformada em barreira para o conhecimento. Humildade e tolerância são primordiais para a quebra desses paradigmas.

7-A ética do gênero humano
O estudante deve ter consciência de sua terra-pátria, mas também aprender a pensar como um cidadão terreno, integrando sua identidade cultural com os demais povos, de forma que seja buscado uma relação de controle mútuo entre a sociedade e os indivíduos pela democracia e conceber a humanidade como comunidade planetária.

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