sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Inconformada parabólica

    Bia era notória por viver sozinha em todos os recreios e ócio-tempos na escola.
    Vivia ela com os bichos pra preferir a solidão? Não, diz que não. Mas qual é a dela então?
    Não gosta de nada, Bia, e também não gosta de incomodar.  
    Então fica longe das pessoas, pra não opinar em discussão.
    Que tensão, pensa Bia, viver com as pessoas, pessoas essas que vivem pedindo sugestão! Então Bia fica longe, mas não distante dos sons, das conversas, da confusão.
    Ela gosta de estar antenada, e se por um lado parece parada, está de fato é escutando tudo e todos, como uma novela em que o mundo é um palco de um imenso teatro bom.
    Mas que absurdo essa Bia! Lábios selados, parece até panela de pressão: como não fala, é só orelhas, capta mais detalhes das conversas, mas não pode dar nunca sua versão.
    Que terror, que agonia!  Parece até um sinaleiro!
    Fica de longe, com carinhas expressivas, parecendo mímica em jogos de adivinha!
    Mas adivinha se alguém percebe, se alguém mesmo se atreve e entender essa menina?
    Pelo contrário, fazem chacota:
    - Olha lá, aquela Bia!
    - Mas que Bia?
    - Aquela lá a estrambólica!
    - A inconformada parabólica!

Nenhum comentário:

Postar um comentário