terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Star Wars no Original. Porque assistir?


Trecho retirado do site Gizmodo:

O primeiro filme da trilogia clássica de Star Wars estreou em 1977, mas, quase 40 anos depois da sua estreia, não é muito fácil conseguir assistir à versão exibida nos cinemas. Isso porque, com o passar do tempo, George Lucas foi alterando não apenas o Episódio IV – A Nova Esperança no futuro, quanto também modificou algumas coisas nos episódios V e VI.
O problema é que nem sempre essas mudanças foram positivas. E isso deixou fãs bastante irritados. Eles querem assistir à trilogia clássica da forma como ela foi concebida originalmente, não com retoques de efeitos especiais feitos décadas depois da estreia, ou com Greedo atirando primeiro. E, como fãs unidos costumam ser fortes, eles conseguiram “recuperar” a versão clássica dos filmes. Eis como você pode fazer para assistir.
O usuário Harmy do fórum originaltrilogy.com é um dos que tentou recriar a trilogia clássica no que ele chama de Despecialized Edition (quando os filmes foram relançados em 1997, George Lucas adicionou um “Special Edition” a eles. A ideia desses fãs é de “desespecializar” os filmes). Os fãs restauraram os filmes da maneira como foram exibidos no cinema a partir de colagem de cenas presentes em outras versões, incluindo uma lançada em 2008 em baixa resolução que preservava os filmes originais.

O que eu acho:

Star Wars é uma saga muito importante para quem gosta de filmes, seja porque gosta de entretenimento ou porque estuda cinema. 
Digamos que Star Wars é um ícone dos filmes Hollywoodianos, com roteiro cativante e universo ficcional muito rico, apesar dos personagens serem pouco profundos. 

Por que foram feitas mudanças? 
Porque a primeira trilogia foi feita vinte anos antes, e os três capítulos da prequela não existiam, ou eram só rascunhos. Essas pequenas modificações foram feitas para dar coesão. Também foram postos excertos em CGI (3d computadorizado) porque em 1997 era sensação. 

Essas modificações foram ruins? 
Não, pelo contrário, foram boas e assistidas pelo próprio criador da série, George Lucas, o que não a descaracterizou. 

Então porque assistir à versão original, sem ajustes ou CGI? 
Porque o estudioso de cinema, assim como o fã de carteirinha querem conhecer a concepção original, para efeito de estudos, pela nostalgia, porque é legal. 
É como se fosse uma espécie de arqueologia cinematográfica. 


O que o Harmy fez é legal? Cara, é surpreendente! Ele, como um arqueólogo que monta cacos de cerâmica para recontar a história do Egito antigo, montou a Despecialized Edition para conhecermos o Star Wars como era na origem. 

"AH, mas eu achei que ele perdeu tempo :("
Ok meu amigo, vai dar feliz aniversário no face pros seus amigos, porque você é um cara que não perde tempo pra nada nesse mundo, inclusive veio comentar nesse forum porque é super ocupado. O Harmy é um editor de mão cheia e usou o tempo dele para seu hobby, e auxiliou muitas pessoas que gostam de cinema clássico. 
Quem não curtiu, vai assistir outra coisa, só não critique o trabalho do camarada. Se curtiu, vai lá na página do cara e dá os parabéns. Não sou fã da saga Star Wars, mas gosto de cinema, e procurei a versão original para conhecer as motivações originais do George Lucas. Agradeço pelo post do GizModo. Ajudou muito! 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Patos de pelúcia


Eu não tenho bicho de estimação. Gosto deles soltos, livres. Mas se morasse em um lugar paradisíaco, gostaria de que fosse próximo a um lago de ornitorrincos.

Meu celular tá dando pau, pica-pau.

Como é difícil lidar com os problemas de tecnologia.
Não falo sobre o seu não entendimento, mas sobre a obsolescência programada.
Você hoje compra um computador, um tablet, um celular, e pensa, uau, eu gastei um rio de dinheiro, mas vale a pena, vou poder fazer um monte de coisas com essa tecnologia nova. Você tira da caixa, tudo cheira a novo e tem visual bacana, você põe na tomada e mal consegue esperar as 4 horas para carregar a bateria.
Então liga a tela, aquelas cores vibrantes, tudo com efeitos visuais lindos, transparências, botões novos que não vê a hora de aprender a dominar! Daí fica pensando, o que eu posso fazer com esse trequinho, que seja bom pra mim, que seja produtivo?
Uma dica, não importa o que você queira fazer, apenas faça, e faça o mais rápido possível.
Porque esses brinquedinhos da modernidade têm um relojinho dentro deles, uma coisinha que trabalha como uma pequena bomba-relógio, tic-tac, tic-tac, tic-tac!
Tudo funciona às mil maravilhas, você tem orgulho e deixa seus amigos e as pessoas do metrô com inveja.
O mundo está perfeito pra você, e você se sente contente com sua mais nova aquisição. Então, você se ilude, e comete seu primeiro erro, achar que aquele aparelho é muito bom e que você vai ficar com ele por muito tempo, porque, tal qual o relógio do seu avô que você herdou, ele é de primeiríssima qualidade e vai durar horrores! Ingênua criatura!
Então está lá você, baixando vídeos do youtube, lendo documentos online, mandando feliz aniversário pelo facebook...
Mas está lá o reloginho dentro, tic-tac, tic-tac, marcando o seu tempo.
E, num belo dia, quando você menos espera e geralmente mais precisa, então esse pequeno relogio embutido dá o seu tempo pré-programado, e seu despertadorzinho explode malvadezas, feito uma pequena bomba da infelicidade.
Então as coisas param de funcionar.
Não de uma vez, claro, porque tudo foi arquitetado de uma forma maquiavélica para levá-lo a loucura.
Primeiro, você tenta mandar uma mensagem em seu Whatsapp e aparentemente seus dedos ficam mais rápidos que seu texto... você escreve, escreve e as coisas só aparecem escritas cerca de dois segundos depois. Você acha que é um probleminha pontual e vai fazer outra coisa.
Logo após, tenta abrir seu browser, e ele demora para inicializar, e quando entra, sem nenhuma explicação, aparece uma mensagem, esse aplicativo parou de funcionar e a janela fecha repentinamente.
Então, meu amigo, se prepara, porque o esse é o início de uma longa e tortuosa viagem rumo a queda sem fim em espiral rumo a frustração e impotência.
Emails que você acha que enviou não foram enviados, ou pior, foram para pessoas erradas, seus contatos somem, a bateria começa a durar menos que o comum, geralmente acabando antes, bem na hora que precisa receber uma ligação importante do seu trabalho.
Você começa a ficar irritado, tudo na sua vida parece sair do controle, afinal, você é uma pessoa do seu tempo, o que quer dizer que tudo seu se encontra de alguma forma na nuvem. Contatos, emails, sms, Twiter, Linkedn...
Então você apela para dicas de internet, apps que prometem deixar seu gadget mais rápido, dá o aparelho na mão daquele seu amigo guro de informática, leva pra técnico formatar.. e nada, parece na realidade que as coisas só vão de mal a pior.
Até que o que você começa a escutar conselhos que arrepiam até os pelos da nuca dos mais ousados... "você deveria comprar um aparelho novo!".
Como assim? Acabei de comprar essa porcaria, mal tirei ele da caixa, não aprendi nem a mexer totalmente direito as suas funcionalidades, e o pior... nem terminei de pagar as prestações!
Você luta, tenta se acostumar com toda aquela lentidão e travamento, diz que é normal, que faz parte da vida, não olha para o lado quando seu colega de trabalho conta vantagem sobre o modelo novo que acabou de comprar.
Na realidade odeia ele a cada dia mais, e pensa nele como um metido arrogante que só quer contar vantagem.
O tempo passa, as coisas andam, e você precisa trabalhar, ou quando muito, viver sua vida. E como já dissemos anteriormente, isso implica em usar a tecnologia do qual você necessita plenamento. Ou, trocando em miúdos, é completo refém!
Mas como vítimas da síndrome de Estocolmo, no qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador devido a todo aquele stresse emocional, você repete, quase que como um mantra, não vou voltar para trás, não vou voltar para as cavernas, meu lugar é aqui, no presente, e não nos anos 80 com agendinhas de bolso, cadernetas e fichas para orelhão!
E num péssimo dia, vindo como notícia de acompanhantes de paciente de UTI, você se pega com seu querido aparelhinho falido, desconectado, offline, ou qualquer outra desgraça que o valha.
Não importa quanto tempo dura esse ciclo todo, desde a compra do gadget, seus pequenos defeitos, grandes defeitos, até a sua completa e inequívoca falência, você sempre vai ter a impressão de que ele é a cada modelo comprado mais curto, mais dispendioso, mais claustrofobicamente incômodo.
Parabéns, meu amigo, você foi mais uma vítima da obsolescência programada.
Vão tentar te convencer que você instala porcarias demais, vão tentar culpar a humidade do clima brasileiro, vão até falar, "ah, mas o do Joãozinho ainda está inteiro, e ele comprou antes de você!".
Acredite, eles arrumam um jeito de estragar o seu aparelho. O que os fabricantes de plástico não conseguiram fazer ainda, a indústria eletrônica faz há décadas, com primazia, que é transformar o produtos deles em degradável.
E pode fazer o teste, se quiser. Tire seu aparelho na caixa, ligue-o e o introduza na rede. Então guarde ele de novo na caixa, espere uns seis meses, então abra-o, ligue-o novamente e o reconecte na internet. Voilà, você acaba de ter um aparelho deteriorado de forma relâmpago, com todos os sintomas de um bem usado, travando e dando pau em tudo, sem nem mesmo tê-lo usado!
Mas não se preocupe, para tudo há esperança. Nas lojas, agora mesmo, acabaram de lançar um modelo novo, que funciona melhor, que tem novas funcionalidades, que vai te promover a mais rica experiência em informação e entretenimento.
Prepare seu bolso, e boas compras!
Vamos consumir.
Fazer a economia girar.
Obsolescência programada.
Tomá no cu.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Como amar em tempo de chuva




É tempo de chuva nas ruas molhadas, escuras, mesmo estando tudo sendo observado pelo sol da tarde que de longe tudo vigia.

Estava eu na cama, ou no sofá, não posso detalhar com toda aquela letargia; o fato é que não tinha eu dado passo definitivo para tomar ação alguma naquele domingo ainda sem o café matinal.

Levanto nu em pelo e passeio pressentindo o misterioso e sigo por ignotos caminhos e por corredores que não me são de todo conhecidos até o que julgo ser meu objetivo final, a mulher senhora deste apartamento que maternalmente vai garantir minha alimentação.

Sigo o faro do vapor do arroz, aroma do alho refogado e dos bifes estalando em dois dedos de azeite e após esquerdas e direitas em móveis escuros e antiquados, paro um minuto em uma mesa de escritório que encontrei logo ali para ler um manuscrito posto ao lado da sua pena criadora.

É um poema de amor, e é uma mulher livre quem escreve suas linhas, dizendo como é feliz nas entranhas por ter todo dia dentro de si a expectativa de poder amar um novo alguém.

Sorrio e aperto o papel entre os dedos, sentindo a carícia sutil de um negro animal de pelos duros e quentes sobre minhas canelas.

Olho pra baixo e sorrio ao reconhecer o gato magro que ontem vi de relance, poucos minutos depois de adentrar nessa alcova cálida pela primeira vez.

Deixo o papel na mesa, pego o felino no colo e com meus dedos enfurnando em seu morno ronronar, ando alguns passos silente, cruzando roupas esticadas em um varal cheirando a amaciante e anil.

Gosto da tessitura gélida dos tecidos umedecidos sobre meus rosto enquanto avanço, e fecho os olhos caminhando para que a suavidade penetre em todo seu flavor o meu sentir.

Cruzo a última das peças daquele fresco obstáculo e então o brilho que entra nos meus olhos por entre as pálpebras desenha a silhueta daquela que chamo de meu amor.

Linda, branca e esbelta, manipula utensílios e colheres com seu queixo apontando as panelas de forma delicada, quase uma pintura da própria Vênus em nascimento dentre as brumas do mar sem fim.

Distraída entre seus temperos e mexidas e salteios de objetos, levanta as sobrancelhas num belo sorriso de lábios fechados e me observa de canto de olhos, tão linda e bem desenhada que não tenho dúvidas de que as mulheres são feitas quase sempre das pétalas de uma flor já há muito extinta de triste cor.

Então deixo o gato descer do colo, e inclinado pelo trato do bicho aproveito o movimento amplo e subo as mãos em suas belas pernas macias, que não apresentam resistência aos meus afagos, senão incrivelmente apenas por um grande camisetão com fragrância de um antigo sono bom.

Subo suas coxas, descobrindo seu quadril em curva perfeita, e num passo preciso de tango encaixo-me entre suas escápulas abraçando-a vigorosamente com meus pulsos postos em cruz.

Meu nariz fica em seus cabelos, sedosos, devo logo dizê-lo, e quando inspiro sinto morango, framboesa e frutas frescas em um bosque de chuveiro quente de algum tempo antes do meu acordar.

Balbucio coisas bobas, talvez um elogio sobre seus cílios ou a maciez dos seus joelhos.

Ela sorri e diz que o almoço já vem, e que se eu for paciente e cooperativo, talvez ganhe uma sobremesa mais que recompensadora para os lábios mais exigentes.


Faço cara de interrogação, e ela prontamente pega minha mão, e levantando sua camiseta, posiciona-a bem apertada contra sua virilha, lisa, quase tão lisa quanto macio pode ser um chiclete de bola Babaloo.

Então, sussura esfregando seu pescoço em minha barba por fazer... "estou quase pronta, tão pronta, que não sei se vai dar tempo de te servir"... meu membro fica excitado quando percebo o lubrificar efusivo e repentino na minha mão aprisionada, que mal tenho tempo de desligar as panelas enquanto ela se entorce no seu eixo para me encher de beijos, língua e gemidos que nunca dantes navegante havia ouvido de boca feminina alguma.

Revidei com um pegar no colo ajeitado, e fazendo caminho diferente por outros amplos corredores, fiz ela de projétil em um velho sofá de couro que testemunhava meu aleatório cambalear.

Ela me recebeu com membros ágeis, e com atos e gestos certeiros e apaixonantes chegamos finalmente no nosso inevitável êxtase carnal.

Estremecimentos, empasmos, fluídos e um relaxar calmante de músculos culminou no depósito dos nossos corpos suados paralelos no sofá largo, escuro, experiente em assentar pessoas mas definitivamente ingênuo daquela insólita demonstração de paixão entre dois corpos movendo-se na horizontal.

Ficamos parados, suspensos, respiração ofegantes, até o silêncio total.

Quebrou ela o silêncio com uma gargalhada profusa, que acabou sendo acampanhada pela minha, mais porque fui contagiado pela sua alegria que pelos seus motivos reais.

Então ela disse algo sobre seu filé, amaciado em uma receita secreta de família ter virado agora uma sola de sapato, e que o melhor que podíamos fazer seria transformá-lo em pedaços e fazer dele um mediano canapé.

Sola de sapato vira canapé... repetia entrecortada em engasgos do seu riso efusivo, até que sem ar parou com olhos fechados e grande boca perfeita em posição de dormir.

Mas era só fingimento, e do nada se  vira criança para mim e pergunta infantil, que faremos da tarde daquele manhoso domingo?

Penso no mar, no mundo, nas nuvens de um céu de chuva que aceitam alegres pássaros cheios de ousadia e primavera e então minha mente vai para o cosmos, o universo, para só então voltar ao lado dela no sofá.

Ela pergunta curiosa e careteira: que está pensando, criatura?

E eu contente, aliviado com a existência da vida e do que ela proporciona, digo pausado, calmo, mas definitivo: "A tarde já está sendo feita, querida. Aqui e agora, em nós."

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Sensação de solitude

Estava sentado num banco de praça, comendo pipoca e vendo nos pedriscos com cheiro molhado um bando de pompos que sabem que é domingo e vieram namorar.


Fecho os olhos e sinto a brisa fria, com jeito miúdo, porque o tempo é de chuva mas o Sol achou jeito de numa fresta esquentar a madeira do meu banco.


Passarinhos cantam um grugrulho, os carros passam silentes, o gosto que sinto é de manteiga na boca e o cheiro fresco traz de longe um café coado naquela hora ao nariz.


Queria agradecer a tudo e a todos, ao universo, ao sorriso das pessoas que alegres caminham de mãos dadas, as flor que acordam moles amarelas e laranjas nessa primavera, e a você, que pensa em mim com dedos indicador e médio da mão direita em seu coração.


Aqui nessa praça, sou astronauta no cosmos das minhas emoções e pretendo agir e girar, e viajar, gargalhando em mim mesmo as gotas de água que caem das árvores, estrelas brilhantes atiradas nas pálpebras parabrisas da desvairada imaginação.

Quem é feliz, feliz realmente, sabe que só se ama incondicionalmente, quando se aprende a amar só. Quem tem medo da solidão não atinge o verdadeiro coração, nem conhece a beleza mágica da solitude. Que domingo incrível será sua vida quando a solitude conseguir encontrar!

um exemplo, o sol.

eu amo o sol porque ele me dá luz.
seu calor faz o mar ficar morno.
os cataventos giram felizes num dia quente de sol.
a cor que os capachos têm são mais dinâmicas quando um gato de pelos quentes roça suas unhas neles.
o sol é bom, e eu amo o sol.
mas também odeio o sol, porque nem tudo são girassóis.
existem coisas que não deveriam ser vistas a sua luz.
a maldade fica bela na sua presença, e isso não é bom.
crianças machucadas tem seus sangues vermelhos expostas na sua claridade,
e as sombras tem medo de queimar-se em sua presença,
sempre se escondendo atrás das pedras e árvores.
odeio o sol pela sua transapência e força,
porque ele impõe absoluto a sua vontade.
e tudo morre se a sua implacável presença é alongada.
amo odiar aquilo que odeio amar demais
um exemplo? o sol.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Avança mais quem não teme o erro.

Alguém que leia sobre os primeiros linguistas no livro de Suassurre  pode ter algumas idéias.

Elas partem do fato de que esses homens da ciência tinham muito pouco material para trabalhar em seus tempos primordiais, e suas conjecturas invariavelmente levavam-nos para caminhos duvidosos.

Mas eles não desistiam, e ao contrário do senso comum, os erros publicados tornaram esses pioneiros eminências de difícil contestação em suas atividades.
Dai a conclusão de que o grande problema dos tempos modernos é o medo de errar, justamente porque o excesso de informação e das diversas fontes já consagradas de aprendizagem que deveriam ajudar nas pesquisas acabam justamente tendo o efeito contrário de gerar o temor do erro e de ser desmascarado por seus pares, tornando assim os novos pesquisadores míopes criativos que nada mais fazem que avançar pequenos passos em cima das grandes estruturas de conhecimento construídas pelos grandes clássicos.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Enfrentando problemas

Mudar a realidade não é fácil, mas no mínimo tentador. Levando idéias aos órgãos competentes, correndo atrás dos nossos direitos como cidadãos, denunciando as coisas erradas que vemos por aí já é um começo. É claro que sermos apenas meros espectadores das mudanças é menos propenso a novos problemas, mas se pessoas antes da gente tivessem aceitado o desafio de resolver esses em epocas remotas quando ainda eram pequenos, hoje eles não existiriam. E se deixarmos passar nossa oportunidade de ajudar agora.... maiores serão para nossos filhos, e colossais para os nossos netos!

Imposto zero ajuda? Claro!

Qualquer projeto que vise a isenção de tributos para itens essenciais merece no mínimo especial consideração. Além de prover acesso a recursos que deveriam ser acessíveis por todos os cidadãos, é possivel dessa forma mitigar o custo das cadeias produtivas, elevando em longo prazo os recursos para o estado, indústria e população em geral. Sistemas menos custosos tendem a ser sustentáveis, e evitam aportes externos de recurso. Essa forma de pensamento evita ciclos viciosos de manutenção e distribuição de dinheiro vital para outras áreas que poderiam ser incentivadas até tornarem-se elas mesmas sustentáveis no futuro. Além do exemplo do transporte público gratuito, sugiro o da redução expressiva de impostos sobre materiais esportivos. A princípio, o estado iria perder arrecadação, mas a longo prazo o nosso sistema de saúde seria menos dispendioso, seja pela prática regular de atividades físicas que reduz o índice de doenças cárdiovasculares e decorrentes de stress, seja porque incitaríamos uma série de empregos indiretos em um setor que a mão de obra tende a ser oferecida por pequenas e médias empresas, essas geradoras eficientes de grande cadeia indireta empregatícia.

Bolsa sociais são um atraso para o país?

    Uma vez, li num livro barroco de autoria anônima que as mesmas flores que dão nectar para as abelhas produzirem delicioso mel, servem para as criaturas peçonhentas como insumo para a manufatura de poderoso veneno.
    Ou seja, os recursos podem ser manipulados pelas pessoas da forma que acomodem seus interesses, independente da roupagem que seus ideais sejam apresentados.
    O imposto é o recurso que o Estado arrecada dos seus cidadãos para se fazer cumprir as ações inerentes à sua função. Com esse recurso é possível acabar com a miséria e pobreza, desenvolver regiões menos favorecidas e assim conseguir um benefício maior para toda a população. É bom ser abastado e é difícil repartir recursos limitados para pessoas e áreas carentes que aparentemente não têm ligação com nossos familiares ou semelhantes próximos. Mas é através do sucesso pleno de toda a nação que poderemos elevar os nossos próprios ganhos, garantindo formas para que possamos nos elevar individualmente a novos patamares de qualidade de vida.

    Se refletirmos, veremos que é assim que funciona o Estado brasileiro trabalha na promoção na redução das desigualdades, e que atacar as formar e os recursos utilizados para se realizar um bem é no mínimo ingênuo, se desconsiderarmos as reais intenções por trás das intenções.
     Como exemplo, podemos citar a bolsa família, que ajuda uma parcela carente da população através de determinada parcela de nossos impostos. Alguns críticos dizem que o dinheiro empenhado nessa tarefa é desperdiçado, porque tem finalidade eleitoreira. Outros podem dizer que esses recursos não voltam como giro de capital, e por isso não se sustenta a longo prazo. Mas é fato que se essa política de redistribuição de renda for bem aplicada, tiraríamos pessoas que nesse momento não produzem para um lugar ao sol junto ao mercado de consumo, o que aumentaria a riqueza do país como um todo, favorecendo nosso comércio, indústria e consequentemente geraríamos empregos de qualidade com maiores remunerações.
       Agora, a forma como isso é feito pode e deve ser analisado criteriosamente. É dever dos cidadãos fiscalizar e emitir opiniões construitivas, buscando que do mel dos recursos produza-se o mel do bem estar social. Porque o perigo do veneno da corrupção e dilapidação das divisas existirão sempre, nesse programa ou em qualquer outro apresentado por qualquer partido que venha a liderar nosso país através das eleições.

A responsabilidade da cidadania

Ser inconformado é não aceitar a ordem das coisas, tal qual nos é apresentada. Mas a grande questão, ao que me parece, é como podemos nos utilizar da força do inconformismo, vital para a evolução da vida, de forma que possamos atingir algum progresso. Ou seja, não gastarmos a força de ação do nosso inconformismo apenas com gestos inócuos de indignação ao sistema ou culpando ao próximo por coisas que nós mesmos poderíamos resolver no dia-a-dia?
A população brasileira não é acomodada, como dizem, no ponto de vista do seu potencial de se inconformar. O problema é que ela não tem tradição de buscar por ações que solucionem seus problemas diários. Talvez por uma questão histórica paternalista desde os tempos do império, gostamos de transferir a responsabilidade das nossas mazelas aos nossos líderes, esquecendo que a cidadania provem de cada um de nós.
O conhecimento do Estado é sim muito importante, mas ainda mais importante é conhecermos nosso papel como protagonistas no sistema político-social em que vivemos. O dever de que as coisas funcionem não é de uma determinada parcela da população privilegioada ou detentora dos poderes atribuídos ao Estado, mas de todos que integram essa entidade e exercem suas escolhas através do voto consciente.
O dia em que cada brasileiro chamar para si a função de ajudar sua comunidade local, desde a reciclagem de lixo à prudência em economizar recursos e zelar pelos bens públicos, nossa inconformação será plenamente saudável a ponto de gerar energia para o progresso da nossa nação, mantendo a devida ordem para a busca da nossa felicidade em meio à essa grande aldeia global chamada planeta Terra.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Sobre a educação

 Montaigne: mais vale uma cabeça bem-feita que bem cheia

Estratégias de Manipulação das Mídias

 citações do livro 'Armas silenciosas para guerras tranquilas':



A estratégia da distração
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.


A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores 
Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

O que se deve ensinar para as crianças do século 21

O filósofo francês Edgar Morin, pensador da cultura no século XX, recebeu da UNESCO a incumbência de sistematizar reflexões que servissem como ponto inicial para se repensar a educação do século XXI e os concentrou em sete eixos imprescindíveis. Ele aborda temas fundamentais, por vezes ignorados nos debates sobre a política educacional. Focando os desafios e incertezas dos tempos atuais, suscita uma revisão de práticas pedagógicas.


1-Combater as cegueiras do conhecimento
A educação é tendenciosa aos pontos de vista daqueles que ensinam. Quando aprendemos, sofremos da ilusão de que o conhecimento empilhado em uma grade curricular seja de uma verdade incontestável, o que nos leva a não discutir outras possibilidades e linhas de pensamento, ou se chegamos a tanto, podemos adquirir vícios e preconceitos a longo prazo. É tarefa do educador alertar sobre essa problemática, tentando amenizar o impacto de um eventual engessamento na linha de raciocínio apresentada, buscando fazer com que o estudante tente pensar "fora da caixa".

2-Conhecimento pertinente
O educador deve ensinar o conhecimento de forma fragmentada e específica, mas também como agregá-lo no sistema total, ou seja, integrar as informações no contexto holístico. De outra forma, o aluno corre o risco de desprezar a utilidade do conteúdo apreendido em outras esferas de experiência ao longo da sua vida, por não perceber as relações multidisciplinares entre elas.


3-A condição Humana
O aluno deve aprender a se conhecer como ser humano complexo, nos contextos físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico. As disciplinas, divididas por assuntos específicos para facilitar a didática, devem ser vistas como ferramentas auxiliares para a compreensão do homem como ser singular e como membro de uma coletividade de indivíduos. O estudo da condição humana é essencial para que o aluno não esqueça da finalidade maior de toda sua aprendizagem e acúmulo de conhecimento ao longo de sua vida.


4-A identidade terrena
É imprescindível que o aluno compreenda que a globalização, evidenciada após as grandes navegações do século XVI, deixou claro que o destino de todos os seres humanos, assim como de toda as espécies da natureza, é integrado. Somos interdependentes e necessariamente solidários. Os regionalismos e segmentações étnico-culturais não devem ser postos em plano prioritário frente a busca das soluções para os problemas globais que afetam indistintamente a todos.

5-Enfrentar as incertezas
O aluno deve ser orientado a estudar o ambiente como continente de infinitas variáveis atuantes em sua modificação. Dessa forma, a imprevisibilidade dos acontecimentos não podem ser vista como indicador de má conduta nas observações da nossa ciência. A incerteza e a inconstância podem ser mitigados até certa forma, mas toleradas baseado no princípio de que é assim que funciona o universo.

6-A compreensão
O ruído da compreensão deve ser constantemente observada durante a aprendizagem. A ignorância dos ritos e costumes componentes de outras identidades culturais não podem ser transformada em barreira para o conhecimento. Humildade e tolerância são primordiais para a quebra desses paradigmas.

7-A ética do gênero humano
O estudante deve ter consciência de sua terra-pátria, mas também aprender a pensar como um cidadão terreno, integrando sua identidade cultural com os demais povos, de forma que seja buscado uma relação de controle mútuo entre a sociedade e os indivíduos pela democracia e conceber a humanidade como comunidade planetária.