O prefácio do livro dessa autora é o máximo. Ela diz que geralmente a ficção científica se dá por meio da extrapolação. Então, exemplifica que doses pequenas de alimentos ingeridos diariamente por seres humanos normalmente causam câncer em ratos em doses cavalares.E então compara isso à ficção científica extrapolada, que sempre torna o mundo futuro em algo caótico e potencialmente perigoso.
Depois, Úrsula nos diz que existe também a ficção científica feita através do sentimento da época, ou seja, o que o autor sente das relações humanas no presente, e a experimenta em um contexto alienígena, não existente em lugar nenhum de universo que não seja sua própria mente criadora.
Ela separa o profeta, alguém que prevê o futuro gratuitamente, o vidente, que o prevê por honorários, o futurólogo de forma assalariada, e então diz que o escritor de ficção científica não é de nenhuma forma comparável a eles, pois este vive da mentira descarada.
O escritor não prevê nada, ele ao contrário inventa, ou seja, mente algo baseado como os seus conhecimentos e premissas de mundo presente.
Cita no final o eterno paradoxo da escrita, que é utilizar-se dela para fazer com que pessoas pensem em coisas indizíveis em palavras.
A mentira, do ponto de vista semiótico, o símbolo no ponto de vista psicológico e a metáfora no sentido filosófico são as múltiplas facetas que um amontoado complexo de palavras pode assumir para criar a ilusão de um novo mundo que jamais existirá na cabeça do escritor e seu leitor.Como diria Mário Vargas Llosa em um ensaio, o romance não nasce da simples escrita de seu autor, mas na primeira leitura de sua obra. Excitante perspectiva.
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