quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Anônimo Nerd.






    Existem apenas 10 tipos de pessoas neste mundo: as que entendem códigos binários e as que não entendem!
(anônimo)

Minha mulher ideal

    Alguém por desaforo, escárnio ou sadismo torpe, desferiu-me que sou fácil com amores e que me apego a qualquer caso.
  
    Fugi das acusações com riso fácil e frases-feitas, mas revirei-me na mesa de lata do boteco a refletir.
  
    Tenho um objetivo, um ideal a ser atingido? De fato, precisava definir. Delinear. Desenhá-la.
  
    Como seria minha mulher ideal.  
  
    Não precisa muito pra ser minha mulher ideal. Tem que sorrir quando estiver triste, ser melancólica na felicidade, chorar sem motivo algum só pra ganhar colo, amar incondicionalente sem cobrar.

    Ser engraçada na frente dos amigos, séria frente aos problemas, romântica nos momentos de solidão do casal, e parecer sofrer de saudades toda vez que olhar pela janela em um dia chuvoso...

    Mulheres assim, com olhar doce, lábios angelicais, oferecem ternura, e parecem ser frágeis como uma flor, mesmo sendo fortes por dentro e mostrando segurança nos momentos de fraqueza do amado....

    ... mulheres assim são perfeitas, independentes da beleza, da moda, da situação social e das jóias que usam sobre seus corpos.

    Em sentido lato uma princesa. A minha princesa.
  
    Posto que a reflexão levou-me à razão novamente, retornei a minha posição de ébrio habitual e entornei o caldo novamente.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Livro de cabeceira

Cum concordantiis veterls et novi Testamenti et sacrorum canonum: nee non et additionibus in marginalibus varietatis diversorum textuum... Lugduni per M. Jacobum Sacon. Expensis Antonii Koberger, Nurembergens., 1522. in-fol. Printed in red and black. Title embraced with borders a. mark by Sacon. Woodcut on full-page by Hans Springinklee (S. Jerom and the lion) two on semipage (creation of Eve by Springinklee and the king Solomon on a bed) and a great number of magnificent little figures on wood a. numerous initials.149 Willer, О. Collectio in unum corpus, omnium librorum Hebraeorum, Graec, Latin., necnon Germanice, Irai., Gall. Hisp. scriptorum qui in nundinis Francofurtensibus 1564—1592 venales extiterunt. Francof. ex off. Nicc. Bassaei, 1592. 4t°. 3 parts in 1 vol. veil. 60.—
One of the earliest bibliographies in systematical order comprising Willer's Catalogi novi nundinarum from 1564 up to 1592. Cf. Schneider, Handb. d. Bibl. 184.

Panzer VIII, 17,742. Rare edition. — At the beginning a few water-stains, but generally a good copy.
154 — Liber II de mundi historia cum comment. Jac. Mil ich i i. Francof, P. Brubach, 1543. 4t°. W. many astronom. diagrams, at end a Janus-head. Wooden boards cov. w. richly blind stamped vellum, 2 clasps. 20.—
Contains at the end: Gratio de dignitate astrologiae dicta a Jac. Milichio. Possessor's entry on title. Fine copy.
BOTANICS [Plinius] — CLASSICS [Aeschines — Aristophanes]. 292 Ammianus Marcellinus. Rerum sub Impp. Constantio, Juliano, Ioviano, Valentiniano et Valente per XXVI annos gestarum Historia. Lugd., Franc, le Preux, 1600. 8v°. Limp veil. 8.—

223 Apuleius Mad. Floridorum Libri IV. De Dogmate Piatonis l. l. De Philosophia l. I. Argent., Schurer, 1516. 4t°. 36 ff. W. a woodcut border on title, cut off on top, fine rubricated initials on cribble ground. Hf. cf. MS. notes by a contemp. hand. 15.—
Proctor 10242. Schmidt 193. Rare edition. Title and first leaf defective.
224 Avianus. Aesopicarum fabularum liber. A Th. Pulmanno in lucem ed. Antverp., ex off. C. Plantini, 1585. 16m°. sew. 6.—
225 Caesar. Rerum ab se gestarum commentarii. Lyon, d-line; printer's mark at the end. Hf. veil. 36.—
Panzer IX, 413, 39 b. On title several notes, some marginal annotations, somewhat stained towards the end, last two leaves repaired on margins, but generally a good copy.
203 Rhinuccino interpr. Eusebius contra Hieroclem. Zenob. Acciolo
interpr. Lutetiae, Gul. Cavellat, 1555. 16TM°. Hf.-cf. 8.—
204 — Delia vita di Appollonio Tianeo. Trad, per Fr. Baldelli. Fiorenza, L. Torrentlno, 1549. 8v°. With numer. small woodcut-initials, veil. 6.—

208 — Foxius, Seb. Commentatio in decern Platonis libros de Republica. Baslleae, Oporlnus, 1554. fol. (20:30,3 cm). Full brown calf, with fine borders, the sides are divided by dotted lines into lozenges, wherein double-crosses (Lorrain-Cross), with which the sides are thickly, studded; back decorated in the same manner as the sides, gilt edges. 300.—
Fine example of a so-called „Repetltions-Elnband". Except for slight damages on frontcover well preserved.

122 Epistolae apostolicae, Pauli Jacobi, Petri. Johannis et Judae. Item apocalyps.
Johannis, Epistola Des. Erasmi de philosophia Euangelica. Argentorati, Joh.
Cnobloch, 1523. 8v°. W. interesting woodc. border on title, printer's mark atend. Blind stamped veil., 2 clasps. 60.—

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Luto








Pensando um pouquinho em uma grande amiga que se foi, e que deixou grandes lembranças.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mal de Cobb , Dolores de Teddy - Tramando paralelo entre Ilha do Medo (Shutter Island, 2010) e A Origem (Inception, 2010)

    Quantos conflitos esse ano para nosso amigo DiCaprio, que enfrentou dois tramas psicológicos que envolviam suas mulheres mortas!
    E curiosa coincidência, ambos os filmes falavam, mesmo que de maneira diferente e com diferentes linguagens, sobre as camadas possíveis de realidade, ou meandros entre essa e a ilusão.
    Enquanto Shutter Island de Martin Scorcese explora a delicada sanidade de Teddy Daniels aplicada à uma possível e sofisticada conspiração em um sanatório insular da America pós-guerra, Inception, de Christopher Nolan  lida com a idéia de manipular as múltiplas camadas de consciência vistas pelo ser humano como uma matiz entre sonho e vigília.
    Ambos os filmes usam alguns elementos comuns, no meu ponto de vista. Os dois personagens de Leonardo DiCaprio têm como grilos-falantes suas falecidas esposas que aparecem constantemente ao longo dos enredos para dar conselhos contraditórios que em alguns momentos pensamos conter a chave para os enigmas que permeiam suas histórias. As duas parecem de forma esfumada terem perdido suas sanidades por seus maridos, e agora clamam por sua demência.
    Nos dois filmes o herói possui seus condutores pelo inferno astral em que vivem, Ariadne pelos sonhos com Cobb e  Chuck pelos desvairios na ilha com Teddy. Existem "mentores" por trás dos dois: Miles e Dr Jonh Cawley. Quanto à mente que propõe o Enigma, nos vemos induzidos a seguir os sonhos de Robert Fischer tanto quanto à infanticida Rachel em sua suposta fuga.
O desfecho dos filmes seguem uma linha de raciocínio curiosa: parecem abertos, pois traduzimos uma grande miragem com Cobb voltando às suas crianças e Teddy enlouquecendo de fato.
    Cada diretor escolheu sua forma de nos mostrar isso: Nolan optou pela cena do pião cortada pouco antes de sua possível queda, escondendo da platéia a veracidade daquela realidade em que rodava, tornando-a ambígua.
    Scorcese preferiu como solução singela uma frase. Dita por Teddy a Chuck pouco antes de ir rumo à sua inevitável lobotomia no final do enredo, exprime o paradoxo dos dois filmes, e pra mim traz a solução para seus finais misteriosos:
    - O que poderia ser pior, viver como um monstro ou morrer como um homem bom?

Juscelino Kubitschek

Flexível, não se acanhava de mudar de idéia quando necessário: "Não tenho compromisso com o erro", insistia.

Informal, mas nunca vulgar, Juscelino Kubitschek tinha hábitos simples – um dos quais, tirar os sapatos, fazia a delícia dos fotógrafos. Teria, quando jovem, machucado um dedo, e sempre que podia liberava os pés – os pés que lhe valeram fama de exímio dançarino. Mesmo que fosse em presença de uma beldade como a atriz americana Kim Novak, em cuja companhia foi fotografado – ambos descalços, numa cena que inspirou bela página do escritor Nelson Rodrigues.


fonte: http://www.projetomemoria.art.br/JK/biografia/3_homem.html#

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Perestróika da Melancolia em Puro Pavê

    Um gato preto passeava num muro incendiado pela lua cheia, vagaroso, observando detalhes dos telhados das casas que via desse ponto privilegiado de vista.
    Um cachorro peludo e desgrenhado, mais parecido com o cruzamento de ovelha com as vira-latas das vielas, observava o gato, quieto, ali em baixo do muro, esperando o gato saltar, só pra pregar-lhe um susto daqueles.
    Um ratinho cinza, assustado, com o coração pulando como dançava em adrenalinas mil de mil medos, estava em uma fresta escura, só de focinho pra fora, esperando avidamente o cachorro ir embora para cuidar dos problemas da sua vida.
    O tempo passava, o gato andava de um lado para o outro do muro, o cachorro abria a boca de tédio e o ratinho tilintava de ansiedade e de todo sustos.
    Pôs-se o gato a miar, miar pra rua, buscando uma fêmea que pudesse dar-lhe a prática de uma noite de núpcias.  Segurou o cachorro o uivo para lua, que sabia ser bela, mas seu tributo tinha espera da caça na espreita.
    E o rato, que puxa, esse rato, que só fazia esperar e esperar, com toda a sua fome e desejos de sobreviver nesse mundinho hostil. Vai não vai, vai não vai, foi, pata ante pata, tentando atravessar o canino amedrontador.
    Eis que uma janela se abriu, e uma bota voou, assoviando seu caminho na cabeça do gato, certeira, deixando miado e tranco num rodopio, jogando o bichano feito dado viciado em cima do cachorro, que estava quase cochilando, e que agora latia num susto, escuso de garras de felino nas costas, pulando de surpresa e dor! O rato tão próximo todo se arrepiou, estalou mais ainda os olhinhos e paralisou quando viu que o gato naqueles xiliques o havia avistado, e feito juras num contato visual.
   Quanta confusão, quanta agonia! Se todos girando num pião justo de comoção da briga armada, gato, cachorro e rato correndo atrás uns dos outros, percebessem o cheiro do pavê proveniente daquela janela aberta.... e no final, perceberam: um odor de comida típica, característico tapa na cara dos três animais famintos.
   A briga acalmou, todos se aquietaram, levantando seus focinhos para sentir os sons daquela sinfonia olfativa..... e pouco a pouco cada um foi... do seus jeito, meio que de lado, embora.... pensando em suas melancolias gastronômicas que só o pavê podia proporcionar, naquela hora, naquela janela tão inacessível quanto o coração dos homens, o santo graal das guloseimas (CONTINUA)....

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Provisões em puro Pê

Um pouco puto o papagaio perdeu pena de pensar
que poderia perder pompa se pudesse apaixonar
a periquita tão peposa prum petardo dum pitu
que passeava pelo palco de um palácio pluvial

A panacéia do paspalho não pisava em piso próprio
pois para pintar parto de um pinto parido de pai pitu
precisa partir do ponto que periquita não põe pantufa
nem se apinha com tipos limpa-pedras de poças por aí




O papagaio plagiou um plano parco de um pinéu
e produziu as picardias pra profanar com seu pincel
a polvorosa propensão da periquita em povoar
todo o planeta com o amparo do aparvalhado do pitu

Passou tempo em impropérios pra pagar um pequinês
para apurar na cepa pensa um pequeno e puro pau
que aparasse pois as pernas do pitu propriamente
e pegasse pra apagar da periquita paixão pungente   








Mas o panguão do aplumado padeceu na peripécia
e se apoderou apimpalhado de poderosa amnésia
se esquecendo do pitu, da periquita e de seu degringolê
e até mesmo que tentava rimar tuco com o pê!

A origem (Inception, 2010), direção Christofer Nolan

    Sonhos dentro de sonhos, viver em sono, num grande aquário que de pouca em pouca vez se pula pra olhar o curioso mundo de fora, o da vigília.
    Dizem que o povo Kazar dominava essa técnica, e que os kazares usavam-na com primazia para obter de seus inimigos posições favoráveis em dias de guerra, e comprometimentos de aliados nos de paz.
    Christofer Nolan usou desse tema para trabalhar em seu novo Matrix, o Inception, filme que diz ter idealizado e trabalhado desde então em 2001.
    Gostei da idéia, achei-a muito curiosa e com viés para uma eventual trilogia. Mas pecou por excessivas cenas de ação, desnecessárias para o enredo e nocivas o suficiente para vampirar tempo suficiente de película para eventuais explorações do universo lúdico de Morfeu.
    Seu mundo, complexo e cheio de regras propostas pelo autor, ao invés de ser explorado em seus tramites,  foi exposto tal qual uma crônica de uma personagem, Cobb, que aparentemente é perseguido por uma grande corporação e precisa fazer um trabalho hercúleo para conseguir sua redenção: entrar nos sonhos de um alvo e plantar-lhe uma idéia na cabeça.
    Vai então com sua equipe através dos diversos ciclos compartilhados do sub-consciente de seus membros e da vítima em si até achar o ponto crucial em que a idéia pareça ter sido criada pela própria, de forma que vingue.
    Mas os desafios aumentam à medida que percebem que essa pessoa possuia treinamento para se proteger de invasões. E como toque de classe, temos o Nêmesis da história, a projeção da esposa morta (morta?) de Cobb, que os persegue em todos os níveis de sonho dessa aventura, dado que seu sub-consciente também faz parte do universo compartilhado.
    É possível entender o que é realidade ou o que é ilusão? Existe de fato uma realidade, ou tudo é uma ilusão dentro de outra? A obra de Nolan brinca com isso, num domínio que só os kazares entendiam de fato: os sonhos. Mas os kazares foram extintos ou assimilados há séculos, e só nos resta então especular o que de fato o famoso diretor de Memento quis nos mostrar, e torcer para que aja seqüelas de sua obra para um superior entendimento de seu trabalho, que é bem legal. Mas sem tantas cenas de ação com soldadinhos de chumbo, por favor!

PS. Tudo foi um sonho de Milles? Cobb foi só seu peão, manipulado pelas mãos de sua Ariadne?
PS2. Tudo foi um sonho de Nolan? Nós somos apenas peões, manipulados pelas mãos de seu Cobb?

Meus atos nos dias de vento

...
Um dia por semana dos meses de vento viril, macho, dedico-me à fertilizar a terra. Dos sonhos, do sono, do reino, dos mil encantos, da vida paralela em baixo da minha real-bela que está pronta e no cio, e que chora em busca do geminador. Da semente, da fécula, do estigma, da fagulha transcedental, do sopro divino, do divino choro gerador, da divina comédia trágica do inferno na terra, quente do atrito do sexo em que a fecunda.

Em um dia aleatório dos meses atrofiados de um ano doente, eu choro a morte dos meus ancestrais, apodreço meus sonhos, tusso a tosse tísica dos fracassados, e encaro de frente minhas costas num espelho que só isso sabe, pra lembrar pros outros dias da minha vida que tristeza é longa e não passa, e só um demente entra em seus trilhos de trem ausente pra enfrentá-la.

Uma semana de chuva nos dias de bissexto casual subo na montanha mais alta e bato em meu peito pra liberar grito forte, animal, demarcando territórios que ninguém dos mil horizontes ainda conhece, e de mil lugarejos próximos que alguém desconhece. Sou dono de tudo e de quaisquer que vivam aqui e lá, e se peço algo, num retumbar da minha força, sou logo atendido pelo meu esplendor. Nessa montanha, sou santo, sou deus, sou chuva e sol para os povos da gaia.

Se respondo esse e-mail em uma terça-leitosa, que seja dia de feira ou de semana, é para lembrar que minha presença proclama, exclama, reclama, e se faz sentir freqüente por tudo o que penso e sou. Sua solidão é atroz pra um alguém que sempre andou solitário por esse mundo, sua compaixão é ineficaz para quem sempre foi poço de compaixão. Se tenho mais que mil e duzentos amigos no mundo, tenho mais que mil e duzentos nenhuns sofrendo por mim e por causa de mim, para e pelo meu bel prazer de não poder agradar a tudo.

Minha presença assim é real. Imperiosa e viva, nas suas mente e alma(SIC).

Assim afirmo.
f

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

São José do Rio Preto

Vista da Represa de Rio Preto
    São Hell City, paradisíaca cidade do interior de São Paulo fundada por mineiros. Não imaginava o que iria encontrar lá, quando fui passear sem lenço nesse feriado  da proclamação da República.
    Linda, quente, limpa, cidade educada e muito agitada. Posso garantir que 3 dias só serviram para me apaixonar, pois é muito pouco tempo pra conhecer pessoas tão alegres que incendeiam a cidade com um contágio que não cheguei nem a presenciar na interiorana Ourinhos, terra dos meus que costumo visitar todos os anos.
    Prepare-se para muito sertanejo, idolatrado nos arredores. Mas também para se surpreender com uma vida noturna muito agitada, com direito a culinária diversificada, e bares muito bem freqüentados, além das festas esporádicas.
Thermas dos Laranjais
    Quando estive lá, fui na http://www.choppfest.com/, na Vila Conte, um lugar bem bucólico pra "ornar" com o Leitão à Paraguaia, chopp Brahma e som de Rodeio. Muito legal. Fui também ao curioso e divertido Vila Dionísio, um super Pub muito legal com um cardápio de centenas de cervejas e vários graus centígrados abaixo do calorão da cidade, além de um repertório de bandas da diretoria http://www.viladionisio.com.br/riopreto.php.
    E porque não dizer, aproveitando minha estadia na região, andei alguns quilômetros à mais até Olímpia para as Thermas dos Laranjais http://www.thermasdeolimpia.com. Passeio top para descansar, tomar cerveja com os amigos e curtir muitas piscinas com água vulcânica.
    Passeio imperdível. Recomendo com força para qualquer um. Posso pedir de aniversário 1 ano de passeio em São José do Rio Preto?

Crianças Azuis vivem chumbando o caneco.

Terráqueos são lunáticos. Marcianos são seres solares. Que vivem ímpares e em bares....

Assim é ser um Inca, um inca em parte, um Inca de Marte.

Não digo nunca pra nada que não possa ser negado. E tudo pode. E não digo nada pro tudo. E digo tudo pro nada. Por nada. Pra tudo;

Como o que é que por que quer? Se quer? Ah quer!

Informações incognissíveis. Inacessíveis ao olho nu da mentalidade doida dos lunáticos desse planeta....terra e água.

Planeta terra e água. Nota que 2 terços dele é azul? Porque o equilíbrio da humanidade depende dessa assimétrica distribuição.

E você nota que vivemos no 1 terço terracota? É pros pontinhos azuis nela piscarem. E brilharem!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Arcabouço do mistério

Acredito na existência da fé.

Mas existem coisas acima dela.

E eu, através de imersões bárbaras, julgo ter testemunhado um esboço do que seriam elas.

Mas ainda não sei o que são, ainda não entendo o que vejo, escuto e ouço.

Também não sei se vêm das vanglórias do céu, ou das profundezas da terra, do mal.

Mas sei que são coisas bem acima da fé.

Dá medo tanta força a ser descoberta, incontável e inconcebível talvez ao cérebro humano.

Coisas que estupefariam o cérebro, levando talvez a insanidade.

Mas tenho que descobrí-las. Tenho.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Isadora Duncan

"A beleza da arte não é feita de ornamentos, mas daquilo que flui da alma humana inspirada e do corpo que é seu símbolo..."

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Visitantes de Tongkonan layuk

Vitrine de mortos no penhasco
     Entre os moradores de Kalimantan e os de Molluccas, viventes da Indonésia, existe o costume de mumificar seus mortos e deixá-los com seus pertences habituais de moradores do além em um local onde possam bisbilhotar a vida dos vivos.
     Segundo sua classe, nobreza, e condições financeiras, podem deixar seus ancestrais desde em cavernas, túmulos de pedra esculpidos a até o máximo das honras voyerísticas: pendurá-los em penhascos com ranhuras feitas na rocha para esse fim.
     O processo é muito dispendioso para a família e costuma durar muito tempo, as vezes chegando a durar anos até o ritual de depositar em seu local de descanso eterno. Nesse ínterim, os mortos ficam hospedados nas casas cerimoniais que são feitas para reunião de família e recepção de visitas, as Tongkonan.
Tongkonan
     Tongkonan são casas construídas sobre estacas em forma de barco, e são tão imponentes quanto importantes e influentes forem as famílias.
     A intenção desses sítios é justamente a recepção e integração de pessoas, e não objetos de moradas.
     Apenas, no caso, para nossos amigos temporários, os mortos que estão sendo mumificados.
     Curioso imaginar então, que quando for visitar Sulawesi, ilha principal desse exótico arquipélago, terá chance de ser recepcionado por algum nativo que o convidará para tomar chá na Tongkonan de sua família, e não será muito difícil ver sentado nas cadeiras ao seu lado talvez duas ou três cadáveres embrulhados em panos e embebidos de ungüentos sagrados esperando seu cantinho ser terminado.
Dizem que em momentos próximos do final do ritual, alguns cadáveres seguem sozinhos o caminho até suas criptas a céu aberto.
     Quando isso acontece, avisam os habitantes locais que não se deve tocá-los, olhar em seus olhos e nem mesmo chamá-los pelo nome.
     Ninguém sabe o que acontece se essas leis forem quebradas: todo mundo lá faz muita questão de respeitá-las quando isso acontece, e imagino que eu faria o mesmo se presenciasse de fato algo tão insólito na minha frente.
     Coisa que acredito não poder vivenciar, considerando que os últimos relatos de múmias andando como zumbis já remetem a algumas décadas. Creio que hoje os mortos preferem sombra e água fresca desde que morrem, deixando-se serem carregados.


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

É fácil ser difícil. O difícil é ser fácil.

Aline - Tá difícil....
f - Difícil: palavra fácil de se dizer
Aline - Fácil: difícil de acontecer!
Luci - Acontecer: basta fazer!  

Albergues, gringos e pernilongos

     Entrei no albergue em Brasília, lá pela meia-noite e meia de domingo. Noite difícil pela frente, com batucada de Peruanos, Bolivianos e Venezuelanos em um congresso de arquitetura que iria durar até terça-feira. Um calor insuportável, pernilongos comendo solto.
     Entrei no quarto, meio claro, meio escuro, e escutei dois caboclos conversando vagarosamente em Inglês, como que tentando se entender em uma língua que não era materna pra ninguém, mas abraçava a todos nesses momentos.
     Um israelense e um campineiro, filosofavam na capital mais futurista e esquisita que esse mundo já conheceu, acerca dos segredos do universo.
     Cumprimentei os dois, arrumei minha mochila, pus meu pijama e deitei num dos beliches vazios. Daí, o Israelense, todo enrolado em um lençol (pernilongos?) naquele quarto abafado, me perguntou "What is the meaning of life?"
     Pensei um pouco, me concentrei em um sorriso encabulado, e respondi sem graça "42!". Funcionou, eles conversaram um pouco sobre o filme do mochileiro das galáxias, e eu aproveitei pra fingir um pouco que dormia.
     Mas, sério, enquanto estava com os olhos fechados, veio à luz a hipótese da alegria através do entendimento de que o fim é inevitável. É bobagem, lógico, mas eu estava num albergue no meio de uma terra desconhecida! Acho que mereço o esforço!!!!

Simpósio em boteco de mesa de lata : o fim é inevitável

"e ele, com sua barba magnífica, bebeu mais um gole de cerveja e nos revelou:
Para viver com felicidade, precisa conhecer um dos mistérios que regerá seu cotidiano, antes de forma intuitiva, agora voltada para o racional.
O verdadeiro segredo da vida é saber, ao certo, que ela termina.
Você pega e senta, reflete, medita bastante, e entende isso de verdade. Então, quando tiver isso intrínseco em seu ser, corre atrás das coisas que quer fazer, não em relação ao fim inevitável, mas baseado em que não pode mudar esse fato.
Daí precisa pensar nas suas prioridades: o presente momento, o médio prazo, a velhice ou o post mortem.
-     Presente momento: comumente chamado de Carpe Diem, te garante prazeres rápidos, geralmente mundanos, mas que enjoam devido seu caráter radical. Bom para se ter lembranças para a velhice, se lá conseguir chegar;
-     Médio prazo: planos em médio prazo costumam ser mais sólidos, e o prazer consiste em buscá-los mais que usufruí-los. Quem se concentra no médio prazo corre o risco de cair em duas armadilhas, ou nas duas:
+ ser áustero em demasia no presente, levando à sensação de insatisfação perene,
+ não saber quando parar, ou síndrome do "diversão só amanhã", passando do prazo para usufruir as conquistas. Esse tipo de comportamento não pode ser comparado com a prioridade velhice, pois os planos de médio prazo atrasados sempre acabam gerando prêmios para os herdeiros, como viajens, carros de luxo e casarões;
- Velhice: o interessante aqui é o conforto e a satisfação garantidas acima de tudo no final da vida. Não existem no caminho nada que atrapalhe a avassaladora e sensacional sensação de segurança, paz e tranquilidade que jamais poderá faltar nesse momento da vida. E com certeza, a intenção aqui é inevitavelmente torrar tudo e todos os esforços antes do último suspiro. Cautela com o óbvio: quem pensa só na velhice acaba não vivendo a vida;
- Post Mortem: O foco é a fama, a perpetuação do nome e os louros da glória. Indivíduos que priorizam o Post Mortem dedicam-se integralmente suas vidas para a posterização de suas obras, ou moem tudo e morrem tentando alcançá-la. Não tem nenhum defeito ou problema: essa priorização é o problema e o defeito em si. Torça para que a inspiração, o talento e a sorte estejam do seu lado, tal qual planetas alinhados no sistema solar. Tipo Glee. Don't stop, beleave it!"

Pensou nas suas prioridades? Esse é o primeiro passo. O seguinte é saber o que fazer com elas (continua...)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Gratifica-se ou queimem-se no inferno.

Hoje estou triste, estou triste, tenho a tristeza em mim. Minha cachorrinha, Pena Quena Ponei sumiu quando deixei a gaiolinha dela aberta nesse dia melancolino em que comemoramos nosso dia dos mortos, 2 de novembro de 2010. Gratifica-se que tem criança doente em casa por causa do causo. É sério, e se você achou e não quer devolver, saiba que se a polícia não te achar, a justiça divina vai. Ô se vai. E que sua alma doente queime no inferno. Descrição. Cachorrinha pequena, meio que ovelhuda, late ardido e morde doído. Mas não machuca, dado sua pequenitude de raça maltês. 

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Luta e dança pela rima

Não sei fazer poesia
Que poesia se faz com rima
e não rimo e não partilho
o que crio feito esgrima

Que cruzo com en gárde
depois de ter touché
o fio do mundo 
no fio do florete.

uma luta eterna, 
de espada, de estratégia,
e a luta do poeta,
do escritor e sua rima.



Quem ganha, quem perde,
é um flerte, 
pois há muito ganhou
quem perdeu guerra em tempos de paz,
e há muito perdeu, 
quem ganhou paz nos tempos de guerra. 

Porque não se pode lutar co'a corrente,
deve-se lutar na maré,
ganhar e perder, sê influente,
a rima e o poeta, santa-fé.

Não sei fazer poesia.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Perigosa profissão sem motivo nem salubridade

    É o quarto ferimento que lhe inflingia naquele dia, e porra, sentia o gosto de sangue na garganta!  
    Revólver com duas balas, faca na cintura e respiração à meio pau no pulmão. Como odiava correr depois de ter fumado um maço inteiro de Marlboro vermelho! Mas agora tinha que se concentrar, que tudo estava por um fio, e era por um fio que gostava de viver a vida. Lógico que a adrenalina era boa, mas tem dia que é bom assistir cine corujão com uma cerveja na mão brincando com o gato sujo, mas esse não era o dia. Agora era hora de agir.
    Escutou passos no galpão escuro, viu gente arrastar passos e imaginou gente, mil inimigos passando sinal de zap uns aos outros para acabarem com sua raça. Ah, doce momento antes do fim, que sempre se revertia para o seu lado.
    Porque ele era assim, se imaginava um personagem de graphic novel que sempre saia vivo no final.
    Essa idéia fazia com que se mantivesse com a moral alta, com Guns`n`Roses na cabeça ao estilo Welcome to the Jungle no fundo e que foda-se o resto! Carpe diem e body count no chão...
    Respirou o último suspiro, sentiu o hálito de nicotina, se arrependeu de não ter tempo de acender um último cigarro, olhou o relógio, 2:30, fez o nome-do-pai meio torto, checou o gatilho, sentiu a jaqueta se arrastando no concreto cru atrás de si, viu que o coturno estava bem amarrada no pé, fechou os olhos por um segundo e recitou seu mantra: "um dois três, daqui a pouco escapo ileso, rio em casa e derrubo quatro pra depois comer cinco, com os maiores peitos do mundo!". E correu para o abate...

Assunto

    Qual é o assunto do dia? Qual é o assunto da conversa?
    Converso sobre qualquer tipo de coisa, vício, hobbie ou doença. Falo sobre o tudo, o nada e o entremeio.
    Perco meu tempo com o trivial, discuto o óbvio e me atrevo a evocar citações que remetem ao vazio.
    Tudo pra ganhar uma briga, arrancar um elogio, levar um tapa na cara. Acho que isso é comum aos intelectuais hiperativos. Intelectuais, falei? hahahahh, ai que vergonha! Que vergonha de mim, que gosto de puxar um mundo egocêntrico e me auto-aceitar como altruísta. Católico-apostólico-romano com ênfase no signo de escorpião, ascendente em peixes, filho de Ogun e descendente direto de Buda.
    E foi uma criança Índigo que me abriu os olhos pra isso. E não foi você, não foi você.

Teoria inconcebível sobre os cíclos recursivos

    Tenho uma teoria sobre algumas pessoas que vivem cíclos em sua vida que de forma recursiva se realimentam até a gênesis do processo, e depois seguem eternamente suas repetições até que algo em si quebre essa rotina. Mais a frente falarei sobre o algo.
    Agora, me dedico exclusivamente ao ciclo.
    Conheci pessoas que entraram em minha vida e que depois sumiram, por razões diversas, mas que me levaram a conhecer outras pessoas que depois levaram à mesma ação de uma forma montanharussesca, até o ápice do meu conflito existencial.
    Daí o último elo da apresentação acabou se fechando no início do que era antes.... mas incrível, tudo começa novamente com novos personagens, mas de personalidades exatamente correlatas a como tudo começou! Viagem intrísseca ao álcool exacerbado ou à escassez de companhia de qualidade? hahahahahahahahahahaha. Truco! Truco marreco! Truco! Pede seis!

Olhar mais altivo dos que realmente vejo.

    Quem me dera ter você mais uma vez aqui, pertinho do meu peito, que tem defeito de achar que só ama você.
    Quanto custa olhar sua vida mais de perto pra mim, que só vive no aquário do seu universinho blasé?
    Tudo é fácil quando estou longe, porque penso que posso fazer de mim o que bem quero.
     Mas tanto tempo de 3 minutos longe dos teus exageros e enfados comentários do cotidiano imutável me faz ansioso de ser múmia viva nessa vida de movimentos aleatoriamente invariáveis.
    Um passado inteiro sem futuro imediato, temo que me presenteie infinitamente com um presente solitário lotado de sua total e completa indiferença. Que nunca dispensei, e que sonho a cada dia junto ao meu travesseiro barato de espuma viscoelástica.
    Todo o dia que passa, sobrevivi mil segundos de me safar da sua insensatez. Porque de fato não me livro, que se livrasse ensandeceria de vez. Afinal, quem troca o forno à lenha pelo microondas, consegue ter forno à lenha sem as microondas? Essas suas microcurvas blasé...

Eu matei minha mãe (J'ai tué ma mère, 2009), de Xavier Dolan

    Introspectivo e estridente. A intenção não é gostar, julgar ou entender. Mas sentir. O relacionamento de um adolescente com sua mãe, sacolejando na linha tênue entre amor e ódio.
    Segredos que se conta para estranhos, mimos e desafetos por ações indevidas, imprecauções de ambos os lados. Quem está certo? Alguém está certo? A vida real está cheia de caminhos tortuosos, mas vista com olho clínico, repleta de poesia.
    O estranhismo é que se busca coerência na história, lógica, razão do autor em se meter na empreitada de ser quase autobiográfico. Mas ele privilegiou o meio, o antagonismo entre mãe e filho, a hostilidade e ojeriza dos transeuntes que permeiam os bastidores dos acontecimentos.
    Em um dia sereno, solitário e pronto para cinestesia, recomendo uma passada no cinema para assistir "Eu matei minha mãe", de Xavier Dolan. Mas vá sem expectativas, só olhos ouvidos e coração. Uma produção canadense, em francês de Quebec.

Difícil poema sem esquema, sem trema.

Nada é puro para o belo.
Nada é duro para o celo.
Tudo é vago sem cabresto.
Tudo é pago com arbesto.

Sem timento não aguento.
Sem lamento só convento.
Aguenta e contenta.
Chora e frequenta.

Viva e perdura.
Morra a brandura!

Tudo é fácil no fosco.
Difícil é viver no tosco.

Colorido já apagou.
O cinza imperou.

Diminuo o rítmo.
que estimula.
Estimula
simula.
mula. 

A grande carregadora
de males mundanos
de versos,
de berços
de terços
apreços.

Chora que o puro não é belo.
Que não existe duro pro celo.
Ordens vagas não tem cabresto.
E o dinheiro é amianto. 

Ami anto.
Câncer por arbesto.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Queimando a estrada...

    Eu, j. e mais uns dois candangos. Rock no último e a velocidade de cruzeiro calibrada com a graduação alcoólica do motorista. 19xx e muita gasolina barata pra cruzar de qualquer lugar pra lugar algum.
    Milhares de quilômetros pra rodar e muita praia pra conhecer. Muitas gatas pela frente, milhares pra trás... já vez a viagem dos sonhos com alguns amigos?
    Grana não importa, tempo se arranja, é assim que a gente pensa desde que saiu de S. há cerca de uns 2 ou três meses atrás. A adolescência acaba rápido bixo, e se não curtir cada segundo agora, não vá se arrepender depois.  
    Um ônibus acaba de passar por nós, excursão da fanfarra da escola: jovens uniformizados, tubas e clarinetas na janela. Logo à frente, uma kombi pintada com pincel meia-boca, alguns tribais e inscritos intraduzíveis com cores lisérgicas. Parece que a parada vai ser boa, quem não tá de black power ou dread não consegue esconder o sorrisão de olhos vermelhos. Muito bagulho, suponho...
    Mais alguns metros, paramos em um posto sujo com cascalhos e algumas poças de lama no acesso. Sujo de poeira vermelha, só uma das quatro bombas funcionavam pra abastecer. J. levou nosso Maveco abastecer, enquanto fomos pra conveniência tomar um pouco de café.
    Um dos candangos, que tinha algumas moedas no bolso, chamou a garçonete com propriedade: 2 cafés servidos pra dividir querida, e o resto de pão francês com manteiga! (CONTINUA...)

Cinza essa cidade. Como o resto da fogueira do seu funeral.

      Esperava o quê, dessa merda dessa cidade, que nunca te acolheu, e nem teus cidadãos?
    Aqui a coisa não funciona como na tua casa, com toda aquela cortesia e afago nos ombros dos fracos, que de mimados acabam mais doentes e débeis de carência.
    Aqui, nessa cidade gris que sangra enxurradas de esgoto nas sargetas e meios-fios, só as ratazanas fortes sobrevivem.
    Não espero nada de você, mas se quiser continuar vivo e são nesse amontoado de pedras e concreto, é melhor arrumar um hobbie rápido. Que aqui a cabeça pira se você pára. E tenho certeza, você não vai querer parar. amontoados de metrô, pontes e sonhos numa deformidade caótica que só quem respira fumaça por muito tempo compreende.
    Vai, me dá um cigarro e passa o resto da garrafa de vodka, que essa daí dá pra uns três beber, não bebe sozinho, que dá azar.
    Vamos, passa esse isqueiro da china, pra eu ver se ainda tem gás.
    Não acho você um mal rapaz, mas acho que com esse jeitinho de bom moço não vai a lugar nenhum.
    Uma vez minha mãe me disse que os bons morrem cedo, que é pra deixar espaço pros mais espertos terem o que comer.
    Não espera que isso que ela disse não sirva pra você: vai, faz uma cara de mal, quero ver seus olhos frios pra mim, olhos sagazes e gelados!
    É isso moleque, você tá fazendo do jeito certo!
    Agora vem, me pega pela cintura e me chama de sua mulherzinha. Não, não morde não, que tenho mais gente pra atender ainda essa noite. Pára, pára seu louco, não me bate.
    Aaaah, alguém, socorro, vem alguém socorrer, aaaaaaaaahhhh!!!! Merda! O cara bateu as botas! Falei pra ele que não aguentava emoção forte?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Buenos Aires querida. Terra, água e fogo buenos e queridos lá também.

    Já viajou pra algum lugar que te mostrou coisas de você que já tinha esquecido? Do churrasco de infância, do medo do beijo roubado, do roubo do coração afastado que fica perto de novo, das mágoas afogadas, dos ventos perdidos que trazem memórias longínquas, da terra natal que visita todo o sempre mas nunca mais está lá como era pequenino?
    Fui pra Buenos Aires, e lá senti, vi e vivi coisas que nunca mais vou ter pertinho de mim de novo da minha infância. Não sou argentino, rsrs, mas aquilo teve pra mim brilho da minha infância.
    Da minha adolescência, da minha solidão de andar sozinho em trem, do meu cemitério quietinho, com galhos que eram só meus nas noites de São Roque.
    Ah, dane-se, sorrio, dane-se, dane-se! São sentimentos inexplicáveis pra quem não tinha mais o que fazer do que viver aquele lugar!

Lábios selados de Mariella

     Mariella colou seus lábios porque sabia assim melhor fazê-lo. Moça esperta que era, escutava pra aprender e vivia seu mundo sem deixar ninguém entrar lá: apenas tinha os ouvidos e olhos pra roubar coisas dos humanos.
     Fazia sua lição de classe certinho, porque assim não precisava dar explicações nem fazer chamadas orais.
     Eu queria ser que nem Mariella, mas falo pelos cotovelos, e sempre alguém me vê e me nota por isso. Ao contrário de Mariella, que de tão quieta passa desbercebida na maior das algazarras, apenas ciscando cenários e sensações para seu lindo castelo dos sonhos.
    Um dia, em uma hora em que eu comia meu lanche da lancheira laranja que minha mãe me deu, fiquei quieta por um momento e vi o mundo passar. E foi nesse silêncio mágico de poucos minutos que vi Mariella existir, no meio dos outros alunos da escola. Por segundos, nossos olhares se cruzaram, e vi que ela sabia de sua existência. E, meio encabulada e curiosa por ser pega no seu truque, me deu um sorriso maroto, não com seus lábios colados, mas com seu olhar e coração. Desde então, Mariella é minha amiga de imaginações. Sonhamos juntas e vivemos separadas, mas nos encontramos nos pequenos bocados de tempo em que consigo me calar e só ouvir. E ver.
    Linda Mariella! Queria ser como ela....