segunda-feira, 26 de julho de 2010

De mal dos velhos camaradas

Sempre fui meu melhor amigo. Estranho, desde pequeno, apesar da facilidade em agradar pessoas, sempre escolhi ficar só. Um autismo encerrado em mil mundos, todos dentro da minha cabeça... quem sabe a solidão imposta por uma infância trancada... morando ao lado de um pacífico cemitério. Criei tijolos dos mil fragmentos de livros que li durante minha infância, construindo castelos, estradas e países inteiros imaginários. Era tão bom imaginar-me um eremita feliz, quando crescesse.
Mas as coisas mudaram quando conheci os outros, quando enfrentei as pessoas e seus anseios no mundo real. Comecei a partilhar de dúvidas e expectativas que não eram minhas, tudo para se integrar em um lugar tão belo quanto meus mundos, talvez até mais rico.... mas aqui eu era um aborígene. Sempre me senti um pouco nu frente à essa metropolicidade do cotidiano.
Hoje, após indizíveis relacionamentos, sinto que adormeci meu eu interior. Digo pois não consigo mais ficar apenas comigo mesmo, em meus pensamentos. Cantarolar músicas que invento, chorar ou me sentir viril com minhas odisséias virtuais me causa ansiedade... como se estivesse me jogando no Umbral do descaso.
Medo do tempo, acho. Parece que envelheço, e perco o pouco que conquistei no mundo. Sinto que as pessoas vão embora, e se não entrar nesse trem.... ah, minha viagem será definitivamente solo.
Estranho! Ser um viajante, voar alto feito um condor, sempre foi meu desejo. Então por que fujo desse meu desígnio?
O presente, sim, o presente precisa ser resgatado. O da minha mente, ou esse real dos reles mortais.

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