quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A árvore - The Tree (2010), direção Julie Bertucelli

    Adoro Charlotte Gainsbourg, acho que ela possui uma força expressiva herdada de seu pai Serge que não se pode negar. E mesmo por isso não titubeei em assistir essa película para me despedir dos últimos dias do Cine Belas Artes, que fechará suas portas no final desse mês. Chuvas escondam as lágrimas dos seus órfãos ;)
    Mas o carisma do filme é da pequena Morgana Davies, afluindo toda a energia da história em torno de sua personagem.
    "A árvore" é um filme interessante, calmo, sobre a forma que as pessoas encaram mudanças em suas vidas e a forma que elas agem para livrarem-se de suas seqüelas.
    Uma família feliz vive no interior desértico da Austrália, em uma singela casa modular embaixo de uma frondosa árvore. A vida deles é feliz e pacata, até que o pai Peter (Aden Young), morre de um possível ataque cardíaco, deixando Dawn (Charlotte Gainsbourg, protagonista do Anti-Cristo de Lars von Trier) viúva com quatro filhos.
    Todos ficam perplexos com a morte, mas o ambiente do história não gira na dor da perda, e sim na desorientação dos membros da família sobre o novo rumo a seguir no cotidiano.
    Cada um parece perdido da sua forma: a mãe perde seus horários e fica sonolenta, o filho mais velho de 15 anos(Cristian Byers)  foca-se em estudar para ir embora pra Sidney, Lou de 9 anos (Tom Russell) corta os cabelos longos em protesto, o caçulinha (Grabriel Gotting) de 3 anos não se esforça pra falar, e a Simone de 8 anos abraça a árvore.
    Abraça a árvore! Simone pensa que seu pai está encarnado nela, e mostra isso para sua mãe, que busca acreditar nisso, e de fato acredita.
    Daqui pra frente, sentimos um paralelo entre a árvore e a forte presença do passado e nostalgia na família O'Neil, muitas vezes incomodando com suas raízes, destruindo o que restava da infraestrutura da casa e protegendo-os das mudanças cotidianas, tentando evitá-las talvez. A questão é saber até que ponto seu suporte e proteção é saudável para uma nova vida da família.
    Seria necessário protegê-la, como faz Simone? Aguá-la em tempos de seca, como faz Lou?
    Talvez um mudança brusca seja necessário em nossas vidas. Talvez o novo só venha a florescer com a destruição completa do velho. Esquecer, com respeito. E seguir nossos caminhos. Esse filme propôe isso. Singelo, e com maestria. Bom para assistir a sós ou em casal.
    "Numa mudança, você pode escolher ficar triste ou feliz. Eu escolhi ficar feliz. E fiquei feliz!" dita por Simone à sua amiguinha quando pergunta-lhe sobre como está após a morte do pai.

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