terça-feira, 21 de setembro de 2010

Impassível, o tempo age sobre o ser.


A., cara,
Gosto de escrever. Mas não pedi ainda ao universo por isso. Gosto também de me desapegar. Mas não consigo. Me desapegar das pessoas. Das coisas sim.
Sinto frio às vezes. Porque sou ansioso e sinto o frio do limbo, camada mais externa do inferno dantesco.
Estou confuso. Sem caixa organizadora das minhas aventuras, dos meus problemas, das minhas soluções.
Tudo gira como no furacão de Dorothy.
Nada me complementa. Nada, nem bala de menta.
Confuso. Como esse e-mail resposta às questões mais básicas da minha vida.
A.. Não quero estabilidade, não consigo estabilidade, não busco estabilidade. Mas a almejo. Um dia. Porque sou velho, e mais velho serei nesse turbilhão insano de milhões de coisas por fazer. Não tenho tempo para fazer 12 faculdades, nem casar 12 vezes, mas quero fazer 12 faculdades, e ter doze filhos. Queria ter um filho adolescente. Mas não quero ter filho algum nem hoje nem semana que vem.
Porque não tenho tempo.
Então não deixo as coisas se estabilizarem.... porque não se tem progresso com mundo cheio de ordem.
E desordeno toda hora tudo na vida minha. Mas organizo a vida dos outros pois adoro jogar tetris. Adoro Feng Shui. Para os outros, e a meu bél prazer.
Gosto de escrever A.. Talvez porque é a forma mais próxima de mostrar como penso. Mas também sou bom em falar A.. Sou eloqüente. Nunca conto verdades ou mentiras. Invento tudo a todo momento. Conto a mesma história de 15 formas diferentes para 3 pessoas diferentes. E ninguém sabe qual é a verdadeira. Não entendem que de verdadeiro só existe a sensação que se quer passar, não a ilusão de um passado que tanto faz ser idôneo ou não.
Meus olhos não brilham mais em viajens? Acho que brilham sim. Mas brilham vermelhos.... porque não durmo nunca mais em dias de aventuras. Curto 3 horas por dia com meus sonhos e as outras 21 na enebriante realidade. Sonho tantos sonhos lindos A..... Mas prefiro, por hora, não mais sonhar. Então fujo todo tempo da cama, do sofá, do cobertor, do conforto, da paz, da estabilidade. E meus olhos ficam assim, rubros querendo fechar.
Páro. Senão disparo e acabo raro no que falar.
F.

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