Charlene era bonita, por baixo daquela maquiagem horrorosa. E tinha uma cultura considerável extraída das dezenas de livros da loja de sebo do seu avô, que não gostava muito de usar em seus eloqüentes discursos ordinários.

Uma noite, daquelas que ficam estranhas porque venta úmido indicando uma chuva que não cai em tempo algum... no abafado da iminência da virada temporal, jogada em uma cadeira de um boteco local, foi que ela o viu pela primeira vez. Pelo menos é o que disseram as testemunhas: ela pareceu bem surpreendida em vê-lo chegar.... encarando de alto a baixo aquela figura sinistra, alta, pálida e esquelética de terno preto, chapéu e mala de caixeiro viajante. Desejou-o no primeiro instante. Não como mulher, pois parecia-lhe um demônio em pessoa, mas como uma cientista que coleciona espécimes, e essa ela ainda não tinha, mas havia de ter. (continua...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário